Ter, 07/11/2006 - 10:36
Actualmente, esta actividade encontra-se em vias de extinção, conhecendo-se, apenas, três pessoas que trabalham a seda de forma artesanal na Associação de Freixo de Espada à Cinta.
Tendo em conta a importância desta actividade na história da região, onde, outrora, foi criada a rota da seda, os 120 anos da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e os 90 anos do Arquivo Distrital de Bragança foram assinalados com uma exposição de artigos em seda. Vestidos, naperons, colchas e almofadas, que, antigamente, eram utilizados, apenas, nas casas ricas, são alguns dos objectos que constituem a mostra.
Além disso, também foi reunida uma série de peças artesanais utilizadas no processo de transformação.
Na altura em que a seda era uma actividade em expansão foram criados vários núcleos ligados a esta actividade, destacando-se o Real Filatório de Chacim, a Estação de Sericultura de Mirandela e os Viveiros de Freixo de Espada à Cinta.
Actualmente, quem se rendeu aos encantos da sericultura, desde a criação do bicho, passando pela extracção do fio do casulo, até à confecção das peças no tear, conta que este processo demora meses.
O processo de transformação da seda é uma actividade artesanal em vias de extinção
“Só a parte da criação do bicho da seda demora um mês e meio e durante esse período não temos tempo para mais nada. O ciclo completo, desde a extracção do fio à criação das peças, demora mais de um mês”, salienta Susana Martins, que trabalha nesta actividade há cerca de dois meses.
Após ter frequentado um curso de formação, esta artesã dedica-se a esta actividade a tempo inteiro, trabalhando na Associação de Freixo de Espada à Cinta, que recebe cada vez mais encomendas.
Também Maria Júlia Martins se rendeu aos encantos da seda após ter efectuado, há 17 anos, uma formação nesta área.
“Apesar de ter pessoas na família que sabiam trabalhar a seda, sempre me dediquei à agricultura. Actualmente, não troco esta actividade por nada, porque gosto de fazer todas as tarefas”, afirma com orgulho.
A artesã diz que o número de encomendas tem vindo a aumentar, pelo que, às vezes, não há fio suficiente para dar resposta a todos os pedidos, pois na associação há, apenas, três pessoas a trabalhar no processo de transformação da seda.