Ter, 31/10/2006 - 15:44
A “partidela”, também conhecida por “partida”, “quebra” ou “escacha”, é tradição na maioria das localidades da Terra Quente, onde, antigamente, as pessoas dedicavam os serões de Outono à britagem manual da amêndoa.
Para não deixar morrer este costume, o Museu do Ferro recuperou esta actividade, reunindo pessoas de várias gerações na tradicional “partidela”, que culminou com uma merenda composta por produtos da região.
A amêndoa é colocada sobre uma pedra de granito, onde o miolo é retirado da casca, que, por seu lado, era utilizada como combustível nas braseiras e aquecedores a lenha.
A par da recriação desta tradição, o Museu do Ferro também plantou diversas amendoeiras no jardim que circunda aquele espaço, que, ano após ano, vão produzindo amêndoa suficiente para a recriação da britagem manual deste fruto seco.
Recorde-se que nos concelhos do Douro Superior, a amêndoa constituiu uma importante fonte de rendimento até ao início dos anos 80 do século XX.
Com o declínio do amendoal, a “partidela” deixou de fazer parte dos serões de Outono das famílias transmontanas
Como os compradores valorizavam o grão, os pequenos lavradores ajudavam-se uns aos outros na quebra da amêndoa, utilizando pequenos ferros para retirarem o miolo da casca. No final da noite, oferecia-se uma merenda composta por sardinhas albardadas, pão, queijo, uvas, figos secos, chá, licor ou jeropiga.
Já os grandes proprietários entregavam esta tarefa às criadas e pagavam, ainda, algumas jornas com alqueires de miolo.
Com o declínio do amendoal, que foi sendo substituído pela vinha e, nalguns casos, votado ao abandono, a “partidela” também foi caindo em desuso.
Aliás, a tentativa de mecanização da britagem da amêndoa, introduzida na década de 70 em algumas cooperativas, também foi sendo desactivada à medida que a produção diminuía.
Assim, a britagem da amêndoa, quer seja manual ou mecânica, deixou de se fazer em toda a Terra Quente. Por isso, o Museu do Ferro decidiu dedicar uma tarde a esta actividade agrícola, para não deixar morrer a tradição da “partidela”.