Incertezas pairam sobre o início da nova época dos campeonatos não profissionais

PUB.

Qui, 13/08/2020 - 15:21


Os clubes vão iniciar os trabalhos de pré-época com muitas dúvidas. Todos aguardam pelas indicações da FPF e DGS. Vão ou não fazer testes à Covid-19?

A nova temporada está à porta mas há todo um cenário de incertezas e indefinição no que diz respeito às datas do Campeonato de Portugal e também sobre os custos dos testes de despiste à Covid-19.

Nas ligas profissionais as equipas já voltaram ao trabalho com os jogadores devidamente testados. E nas restantes competições? Para já nada se sabe, apesar de algumas equipas do Campeonato de Portugal terem iniciado os trabalhos.

No distrito de Bragança, as pré-épocas do Vimioso, S.C. Mirandela e Grupo Desportivo de Bragança têm início previsto para o dia 17 de Agosto e já definiram algumas regras para jogadores, equipa técnica e restantes elementos das estruturas dos clubes. “Estamos a seguir as indicações da DGS relativamente aos espaços e prática desportiva que já existe, nomeadamente a desinfecção das mãos e uso de máscara dentro das instalações. Estamos a pensar em providenciar, com a ajuda da Câmara Municipal, uma máscara para uso em contexto desportivo do GDB”, disse Flávio Barros, responsável pelo Departamento Médico dos brigantinos.

A desinfecção frequente dos balneários, departamento médico e de todos os espaços do estádio já está providenciada bem como a sinalização de todos os espaços comuns “de forma a manter o distanciamento social”, acrescentou.

Todo o material desportivo será constantemente higienizado e não pode ser partilhado. “Todos os jogadores vão ter o seu material individual, máscara e bola. Tal como nos campeonatos profissionais o uso de máscara em o contexto das actividades desportivas não é obrigatório para os jogadores apenas para os técnicos, pessoal médico e directores”.

E os testes? Os jogadores vão ou não ser testados? Que custos trazem aos clubes? Há capacidade financeira? Estas são perguntas para as quais ainda não há repostas.

Flávio Barros refere que o GDB tem “a pretensão de realizar os testes, mesmo que não sejam obrigatórios, no início da temporada”. E depois ao longo do campeonato? “Não sabemos pois será um encargo financeiro muito grande, mas é algo que deve ser feito”, conclui.

 

Clubes aguardam por indicações da FPF e DGS

De Vimioso chegam as mesmas preocupações. Octávio Rodrigues garante que não há condições para custear os testes e se forem obrigatórios pode estar em causa a participação do clube no Campeonato de Portugal. “Não temos dinheiro para isso. Se for obrigatório e não houver ajuda financeira o Vimioso não vai participar”, disse.

Para já, o Vimioso elaborou um plano básico de prevenção à Covid-19. “Vamos medir a temperatura dos jogadores à entrada do estádio, vamos dividir os jogadores por quatro balneários, higienização das mãos e uso de máscara dentro das instalações do clube”.

Os mesmos cuidados vão ser seguidos pelo S.C. Mirandela, mas Carlos Correia aguarda por indicações mais específicas da DGS. O presidente dos alvinegros também adiantou que “não há verba para pagar testes à Covid-19 todas as semanas”.

 

“Não relativizem esta situação porque isto está para durar” (Fernando Clemente – Rebordelo)

Com o coronavírus ainda a circular todos os cuidados são pouco e quem já lidou e lida de perto com o “bicho” sabe que não se trata de uma brincadeira.

É o caso de Fernando Clemente. O jogador do Rebordelo, de 35 anos, enfermeiro de profissão esteve infectado e em isolamento durante 98 dias, a maioria sem sintomas. “Foram tempos complicados de quase 100 dias isolado em casa. Foi difícil. Não relativizem esta situação porque isto está para durar. Todos os dias há casos novos”, lembrou.

Durante mais de três meses, o defesa central realizou mais de uma dezena de testes com recurso a zaragatoa, tornando-se um caso de estudo por parte do Instituto Ricardo Jorge.

Clemente é um dos jogadores mais emblemáticos do campeonato distrital de futebol e vai para a décima temporada ao serviço do Rebordelo.

O jogador defende a realização dos campeonato amadores mas devidamente controlado, tal como acontece nos campeonatos profissionais. “No caso dos distritais não podem começar sem controlo. Se houver um surto numa equipas o que vai acontecer? É muito complicado. Eu espero que as entidades responsáveis lutem para que haja o mínimo de condições para o início das provas. Não podem ignorar a possibilidade de um rastreio. Se não houver rastreio como é que o jogador se vai sentir seguro?”, questiona.

Conhecedor do assunto e estando na linha da frente no combate à pandemia, Clemente lembra o perigo de não testar os jogadores. “Quem me garante que um colega de equipa cumpre as regras? Todos temos família e eu trabalho na área da saúde e ando todo o dia de máscara, mas também sei que realizar testes tem os seus custos”.

Custos incomportáveis para os clubes amadores pois teriam de desembolsar, segundo apurámos, cerca de 200 mil euros, se o protocolo for semelhante ao da Liga. 

A preocupação dos clubes do Campeonato de Portugal e do distrital não é indiferente à Associação de Futebol de Bragança. Ao Nordeste o presidente da AFB, António Ramos, disse estar a aguardar “pelas indicações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)”.

Já se sabe que o Campeonato de Portugal não começa antes de meados de Setembro, pois a FPF ainda aguarda pela decisão do Tribunal Arbitral do Desporto em relação à suspensão das subidas do Arouca e Vizela à 2ª Liga e falta resolver a questão das descidas do Vitória de Setúbal e do Desportivo das Aves ao Campeonato de Portugal. 

 

 

 

 

Jornalista: 
Susana Madureira