Exposição de Graça Morais expressa inquietações em tempos de pandemia

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Ter, 03/08/2021 - 14:55


Mostra está patente no Centro de Arte Contemporânea, entidade à qual já doou 150 obras

“Inquietações” é a nova exposição de Graça Morais, patente no Centro de Arte Contemporânea, em Bragança, até 23 de Janeiro. A artista inspirou-se na pandemia que nos rodeia e nos olhares expressivos de um rosto tapado com máscara e assim surgiram as pinturas “com grandes interrogações ligada à inquietção”. Durante o primeiro confinamento decidiu pôr mãos à obra, mas o seu estado de saúde piorou e foi obrigada a parar. Ainda assim, não desistiu e assim que se sentiu melhor mergulhou na arte, como que uma salvação “mental”, numa fase complicada da vida e do mundo. “São obras feitas com um sentimento de urgência. Eu tinha que as fazer. São obras de auto-confinamento, porque a partir de uma certa altura as pessoas já podiam sair, mas eu fechei-me no meu atelier e achei que a minha salvação era criar este desafio na pintura”, explicou. Na inauguração da mostra, esta sexta-feira, dia 30 de Julho, Graça Morais destacou ainda a importância da Capela Sistina, em Itália, para a sua inspiração. “Olhei com muita atenção para a Capela Sistina de Miguel Ângelo e recuperei algumas figuras e trouxe-as para a minha pintura, sobretudo aquelas figuras mais dramáticas”, disse, realçando que, apesar de os tempos serem outros, os problemas ainda se mantêm actuais e a “humanidade continua a mesma”. Ao longo da exposição, os visitantes são conduzidos para um sala, em que as paredes estão forrados de jornais. Jornais que a informaram do estado do país e do mundo durante esta pandemia e que os guardou, fazendo agora parte da mostra. Mas mais do que meros papeis colados, a artista foi desafiada a “fazer intervenções” nos jornais. “Esta sala é hoje uma espécie de gabinete de artista e ao mesmo tempo uma espécie de projecto ‘working in progress’, ou seja, cada vez que vier ao Centro de Arte Contemporânea, nos próximos tempos, vai continuar essa mesma intervenção, portanto é uma obra em aberto”, explicou o curador da exposição e também director do centro, Jorge da Costa. Na sexta-feira foi ainda formalizado a doação de 69 obras da pintora Graça Morais ao Centro de Arte Contemporânea, que se juntam as 52 que já tinham sido doadas. Foram também inauguradas as instalações do Laboratório de Montanha Graça Morais, criado em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança, e que servirá para acolher artistas.

Jornalista: 
Ângela Pais