Ter, 05/09/2006 - 15:21
Com a partida dos guardas florestais, há mais de 10 anos, os abrigos ficaram completamente abandonados. Os actos de vandalismo passaram a ser uma constante e os edifícios que albergaram, diariamente, mais de 30 guardas e respectivas famílias, encontram-se, actualmente, em avançado estado de degradação.
Na década de 90, os guardas florestais foram substituídos por brigadas da GNR, que palmilham os milhares de hectares de floresta que caracterizam e embelezam as paisagens do Nordeste Transmontano.
Na óptica da chefe de divisão do NFN, Graça Barreira, esta mudança tornou-se necessária, dado que, actualmente, seria muito difícil trabalhar nas condições em que se encontravam os guardas florestais.
“Os abrigos não tinham electricidade e a maioria deles nem tinham água canalizada. Além disso, a maior percentagem das casas também se encontram em locais isolados, o que dificultava a vida tanto dos guardas e suas famílias”, sustentou a responsável.
31 abrigos ao abandono
Contudo, Graça Barreira afirma que, no tempo em que os guardas passavam 24 horas a vigiar a floresta, as pessoas tinham mais respeito pelas árvores.
“Nessa altura sabiam que estava ali sempre alguém e que podiam estar a ser observados. Os serviços florestais também tinham mais informação relativamente ao estado das árvores e aos caminhos que necessitavam de ser limpos ou arranjados”, frisou a chefe de divisão do NFN.
Com a vigilância da floresta entregue às brigadas móveis, a Direcção Geral do Património do Estado (DGPE) possui, no Nordeste Transmontano, 31 abrigos devolutos que aguardam uma solução.
Das 17 casas florestais que foram recuperadas, sete foram cedidas ao Parque Natural de Montesinho e quatro, situadas nos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé, ainda se encontram ocupadas por guardas florestais que, apesar de terem outra residência, passam grande parte dos seus dias nos abrigos.
O elevado número de casas florestais que se degradam, de dia após dia, levaram a DGPE a elaborar um estudo que visa dar um destino àqueles edifícios.
Futuro dos imóveis em estudo
Segundo Graça Barreira, é impossível manter imóveis, com mais de 40 anos, devidamente preservados se não houver uma utilização permanente. “Tentamos fazer pequenos arranjos nalgumas casas mas, passado pouco tempo, foram alvo de actos de vandalismo. Chegaram a ir buscar as pedras dos fornos e das lareiras”, lamenta a responsável.
Por isso, o NFN aposta, apenas, na recuperação de abrigos que estejam a ser utilizados.
“Este ano, arranjámos a casa da Nossa Senhora da Serra, onde fizemos um parque de merendas. É um espaço que serve de apoio ao parque e, num projecto futuro, em parceria com a Junta de Freguesia de Rebordãos e com a Câmara Municipal de Bragança, pretendemos criar ali sanitários”, realçou Graça Barreira.
Enquanto não é conhecido o destino dos abrigos, a DGPE vai pondo alguns imóveis em hasta pública, mas na área do NFN foram vendidas, apenas, duas casas situadas no concelho de Vinhais.
Quem adquire os imóveis fica sujeito a algumas normas impostas pela DGPE, entre as quais a manutenção dos traços arquitectónicos dos edifícios.