Cabras não chegam para as encomendas

A maioria das explorações conta, em média, com 80-100 cabras, o que dificulta o acesso da produção aos grandes mercados, nomeadamente às grandes superfícies.
Atendendo à limitada dimensão da propriedade, o grosso dos criadores exerce a actividade por conta própria, numa perspectiva familiar e sem recurso à contratação de operários agrícolas.
Ao contrário dos condicionalismos impostos pela estrutura fundiária, a idade dos criadores não é principal preocupação da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana (ANCRAS). “Temos cabreiros para mais 15 anos, à vontade”, revelou José Gonçalves, dirigente da daquela associação.
O responsável falava à margem da I Reunião Nacional de Caprinicultura, que terminou no passado sábado, na Escola Superior Agrária de Bragança.
Durante três dias, dirigentes associativos, criadores e especialistas debateram as carências e potencialidades do sector, tendo convergido na necessidade de aumentar a dimensão da propriedade.
Outra das carências reside no sistema de ordenha manual que ainda caracteriza a maioria das explorações. Para inverter esta situação, José Gonçalves defende uma linha de apoio para criar salas de ordenha mecanizadas capazes de diminuir o tempo gasto neste processo e o esforço físico dos criadores. “Não nos dêem dinheiro, mas instrumentos e infra-estruturas para ganharmos dinheiro com o nosso trabalho”, desafia o dirigente da ANCRAS.
Actualmente, a raça Serrana conta com um efectivo que ronda os 20 mil animais, divididos por quatro regiões e ecotipos. Em Trás-os-Montes pastam cerca de 14 mil efectivos inscritos no livro genealógico da espécie, ao passo que o restante encontra-se em explorações das zonas da Beira Interior, Ribatejo e Oeste.
Em termos de comercialização, o Cabrito Transmontano e o Queijo de Cabra Transmontano, ambos com Denominação de Origem Protegida, são as principais fontes de rendimento dos criadores de Trás-os-Montes.