Bragança é o distrito onde fica mais caro abastecer

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Ter, 31/08/2021 - 11:07


Dados são da Entidade Reguladora de Serviços Energéticos

Bragança é o distrito, a nível nacional, com os preços mais elevados de combustíveis. É aqui que ficou mais caro, em Julho, abastecer o depósito. Segundo o mais recente boletim da Entidade Reguladora de Serviços Energéticos, no mês passado, sendo que este acaba já hoje, a gasolina simples 95 e o gasóleo apresentavam preços genericamente mais elevados nos distritos de Bragança, Beja, Lisboa e Portalegre. Entre estes, Bragança viu os preços mais elevados, com uma média de 1,736 euros por litro de gasolina 95 e 1,53 euros por litro de gasóleo. Em sentido inverso, Braga foi o distrito com os combustíveis mais baratos, em Portugal Continental. Por ali, o litro da gasolina custava, em média, 1,702 euros e o litro do gasóleo valia 1,495 euros. A mesma entidade revelou ainda que olhando para todo o país, o preço médio do gasóleo e da gasolina acompanhou a cotação do mercado internacional, registando um aumento de 2,1% e 2,7% face a Junho.

Povo está ciente da “roubalheira”

Num posto de abastecimento, junto a uma entrada/ saída da cidade de Bragança, juntam-se, todos os dias, várias pessoas, que ali vão abastecer. As reclamações só não as ouve quem não quer. Amílcar Pires, que diz que “em Bragança isto está carote”, não tem dúvidas em assumir que “no Norte é tudo uma verdadeira roubalheira”. Queixando-se dos preços que se praticam, diz chegar agora a gastar cerca de 65 euros para encher o depósito, enquanto que há algum tempo lhe chegavam uns 50. “Em Bragança há praticamente dois donos de postos de abastecimento. Daí fazerem o que querem e lhes apetece”, atirou, dizendo que, como “não há concorrência”, “podem estipular o preço que querem”. Carlos Augusto, que admite não saber que era o distrito o mais careiro, neste aspecto, considera que “a culpa é do Governo”. “Como temos salários muito elevados é normal que os combustíveis estejam caros”, lamentou.Para Licínio Castro não havia certezas mas “já tinha ideia que aqui deveria ser dos sítios onde mais custava” até porque, como frisou, sai-lhe do “bolso”. Quanto aos porquês, reitera não saber no que se baseiam, “deve ser por se estar no Interior e haver pouca oferta”, mas “a verdade é que são preços impraticáveis”. Toda esta situação acredita que “contribui e muito para que as pessoas fujam daqui” já que “não há grandes condições para cá estar”. Nuno Correia, natural de Mirandela, trabalha em Bragança, mas longe de pensar em abastecer por cá. Quanto a “culpas”, atira-as para o poder local. “Acho que os presidentes de câmara não deixam instalar combustíveis mais baratos, por exemplo nos hipermercados. Há pouca oferta, daí o que se está a passar”, rematou.

Espanha: a sagrada opção

Com Espanha mesmo aqui ao lado, à mão de semear, são cada vez mais os brigantinos que preferem passar a fronteira para abastecer. Apesar da distância, que no fundo não é assim tanta, Amílcar Pires é um dos que o faz. “Infelizmente temos que ir dar dinheiro aos espanhóis, quando podia ficar cá”, esclareceu, lamentando ainda que muita gente acabe por lá fazer algumas compras, deixando também o negócio de cá a perder. “Mesmo o gás de botija é muito mais barato. Isto não se justifica”, vincou. Carlos Augusto também compreende que os brigantinos prefiram Espanha. “Estamos aqui na fronteira, concordo plenamente que o façamos”, esclareceu. Além de Espanha, Licínio Reis, natural de Fafe, também prefere abastecer na terra natal, quando pôr lá passa. “Comparando com Bragança, é muito mais barato”, esclareceu. Já o mirandelense Nuno Correia admite que a Espanha não vai, não precisa. “Quando vou a Mirandela abasteço lá porque é cerca de 12 cêntimos mais barato”, terminou.

Escalada dos preços continua

Entre Julho de 2020, três meses depois de a pandemia chegar a Portugal, e o início do mês passado, precisamente um ano decorrido, um litro de gasolina 95 custa em média mais 28 cêntimos, e um litro de gasóleo vale agora mais cerca de 24 cêntimos. Mas calma... se isto parece muito, diga-se já que os valores não pararam por aqui. Atestar um veículo voltou a ficar mais caro ontem, segunda-feira. O maior aumento regista-se no preço da gasolina simples 95, que subiu cerca de três cêntimos, a maior escalada dos últimos 16 meses. O gasóleo simples subiu 1,5 cêntimos/litro.

Jornalista: 
Carina Alves