Bragança desperdiça vento

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Ter, 06/02/2007 - 10:31


Bragança é o quarto distrito do País mais atrasado em termos de produção de energia eólica.

Segundo dados do Instituto de Energia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), atrás do Nordeste Transmontano surgem os distritos de Beja e Portalegre, num ranking que é liderado por Coimbra, seguido de Lisboa, Viseu e Vila Real.
Se o atraso dos municípios alentejanos se deve às fracas condições naturais para aproveitamento do vento, no caso do distrito de Bragança, os principais entraves à criação de parques eólicos são as zonas protegidas e a falta de ligação à Rede Eléctrica Nacional.
De acordo com o INEGI, que tem vindo a estudar as condições da região para o aproveitamento do vento, o Nordeste Transmontano tem uma capacidade de produção de 856 MW. Mas, se a estes números subtrairmos as áreas protegidas e classificadas, a produção cairá para os 160 MW, o que desencorajará os potenciais investidores.
Estudos desenvolvidos pelo mesmo instituto concluem, de resto, que as zonas de maior potencial coincidem com os limites dos parques naturais de Montesinho e Douro Internacional, bem como das serras da Nogueira, Coroa, Reboredo, Castanheira e Bornes, algumas delas classificadas.

“Espanhóis resolveram delimitar as fronteiras com torres e aerogeradores”

“Em termos de produção os números são encorajadores; o problema são as áreas protegidas e os sítios classificados”, reconhece Álvaro Rodrigues, docente Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Na passada terça-feira, o investigador esteve no Instituto Politécnico de Bragança para falar sobre “Recursos Eólicos no Distrito de Bragança” (ver texto em baixo), tendo realçado as condições da região para desenvolver este tipo de energia renovável. “Bragança tem vento e terreno. O corredor Montesinho-Nogueira é o que tem maior potencial”, garante Álvaro Rodrigues.
Quanto a aerogeradores já montados, o Nordeste Transmontano só conta com três torres (2 na Serra da Castanheira, Mogadouro, e uma em Bornes), às quais se vão juntar quatro, na Serra do Reboredo, mais precisamente na área pertencente ao Felgar, concelho de Torre Moncorvo. Este parque já foi adjudicado e fará subir a produção do distrito para 6 MW, um número ainda considerado reduzido, principalmente se olharmos para o outro lado da fronteira. “Os espanhóis resolveram delimitar as fronteiras com torres e aerogeradores”, ironiza o docente, referindo-se aos parques eólicos que espreitam os limites do Parque Natural de Montesinho.