Ter, 22/11/2005 - 16:45
O autarca é um dos alunos do curso do 2º Ciclo que a Coordenação Concelhia de Bragança do Ensino Recorrente está a promover naquela aldeia anexa da freguesia de Espinhosela. Após um mês de aulas, Hélder Martins não consegue esconder o entusiasmo. “Percebi, aos 55 anos, que posso chegar mais longe e não vou parar por aqui. Comecei, gostei e vou continuar”, revelou o responsável ao Jornal NORDESTE.
Noite após noite, o presidente da Junta partilha a sala de aula com cerca de quinze pessoas da freguesia de Espinhosela, dando o tempo por bem empregue. “Tenho a 4ª classe, daquelas de sol a sol e bem tirada, mas num mês já aprendi muito. Depois quero fazer o 9º ano e logo se vê o que será no futuro”, revela o autarca.
Hélder Martins, que iniciou, recentemente, o seu quinto mandato à frente da Junta de Espinhosela, considera mesmo que a sua adesão ao Ensino Recorrente pode incentivar a população a ingressar neste tipo de cursos. “Penso que também dou o exemplo. Se o presidente da Junta vai à escola, pode ser mais fácil as pessoas também irem”, sustenta o responsável.
Alunos fazem magusto
Hélder Martins e os colegas de Terroso receberam, na noite da passada terça-feira, o magusto anual do Ensino Recorrente de Bragança, uma iniciativa que começou com castanhas e caldo verde e terminou com baile no Centro de Convívio daquela aldeia.
O encontro contou com a participação de alunos dos cursos que funcionam no concelho, cujas idades variam entre os 15 e os 75 anos. “Temos jovens com 15 e 16 anos a fazerem o 2º ciclo que conseguem ter resultados mais positivos do que no ensino normal, fruto do convívio com os colegas mais velhos”, explicou a coordenadora concelhia do Ensino Recorrente, Carlota Dinis.
Actualmente, os cursos, que funcionam sempre à noite, são frequentados por cerca de 100 alunos, divididos pela Escola EB 2,3 Augusto Moreno, Escola dos Formarigos e Escola de Rebordãos.
Segundo o coordenador distrital do Ensino Recorrente, Manuel Ferro, todas as sedes de concelho do distrito estão cobertas por este sistema. “Nem todos os municípios têm cursos do 1º e 2º ciclos, mas, provavelmente a partir de Janeiro, todos vão ter cursos da Educação Extra-Escolar, que também contribuem para dinamizar os meios rurais”, garantiu o responsável.
De acordo com Manuel Ferro, o número de alunos tem vindo a diminuir, “sinal que o nível de escolaridade das pessoas está a aumentar”.