Arranque das aulas com as escolas do distrito a tentar identificar que conteúdos é preciso recuperar

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Ter, 21/09/2021 - 11:45


O Plano 21|23 Escola+ serve para que as aprendizagens, que foram afectadas, nos últimos dois anos lectivos, pela pandemia, sejam recuperadas, já que os alunos sofreram períodos de confinamento, tendo estado em regime de ensino à distância, o que fez com que alguns conteúdos se perdessem

Os objectivos, além da recuperação das competências, passam essencialmente por diversificar as estratégias de ensino, investir no bem-estar social e emocional e dar uma maior capacitação às escolas, através do reforço de recursos e meios. Segundo avançou o Governo, o plano apresenta um conjunto de medidas, que vai conferir mais autonomia às escolas. As estratégias educativas, que o Governo apelida como “diferenciadoras”, são dirigidas à promoção do sucesso escolar e, sobretudo, ao combate às desigualdades, através da educação. Assim, este plano, destinado aos estudantes dos ensinos básico e secundário, incide em três eixos estruturantes de actuação: ensinar e aprender, apoiar as comunidades educativas e conhecer e avaliar. Cada um destes eixos divide-se depois noutros pontos a trabalhar, sendo que cada agrupamento deve dar destaque às áreas de incidência prioritária e em acções específicas.

Identificar as lacunas dos alunos

No distrito de Bragança, as escolas, que abriram na semana passada, começaram agora, no arranque do ano lectivo, a trabalhar no plano, com vista ao seu estabelecimento e concretização, mas ainda não há grandes certezas das verdadeiras lacunas. Está agora, já com as aulas a decorrer, a perceber- -se quais as maiores dúvidas que os estudantes têm e onde mais é preciso investir. Fátima Fernandes, directora do Agrupamento de Escolas Miguel Torga, esclareceu que a escola “já está por dentro do que se deve fazer”, e mostra-se descansada porque “no ano passado já se implantaram algumas actividades de recuperação”. Por aqui, parece que as coisas seguem a bom ritmo, estando já tudo mais ou menos bem identificado e, há semelhança do que há-de acontecer noutras escolas, o plano de recuperação será depois aplicado, ao longo do ano, de acordo com as reais necessidades daqueles alunos em questão. “As turmas do ano anterior, no que toca a conteúdos, têm algumas dificuldades ao nível da Matemática e Português”, referiu a directora sobre o que o diagnóstico já mostrou, dizendo que “também é preciso trabalhar a parte emocional, que, nestes últimos dois anos, foi abalada”. A directora esclareceu ainda que os alunos do primeiro ano tiveram algumas dificuldades em determinadas competências básicas. “Aprender a ler e escrever à distância é difícil, mas, no nosso agrupamento, já há estratégias para colmatar essas dificuldades. Os professores vão apostar em projectos dirigidos a essas competências”, afirmou, vincando ainda que todo este trabalho será feito com os recursos humanos que o agrupamento já tinha, não querendo comentar as críticas de alguns sindicatos, que se queixaram dos escassos recursos para que as escolas contratassem os profissionais necessários para implementar o plano. Ainda pela capital de distrito, no Agrupamento de Escolas Abade de Baçal está agora, em pleno arranque, a identificar-se os problemas. “Os departamentos ainda estão em reuniões e depois os concelhos de turma hão-de aferir que aprendizagens é necessário recuperar, caso seja preciso”, vincou a directora do agrupamento, Teresa Sá Pires, que avançou que, à semelhança do que acontece no Agrupamento Miguel Torga, também não serão contratados mais profissionais para que o plano se implemente e concretize. “Vamos trabalhar com os nossos docentes, naquilo que eles entenderem”, frisou ainda a directora. Por Vila Flor, segundo admitiu o director do agrupamento, Fernando Almeida, o cenário é idêntico, ou seja, as aulas arrancaram e o trabalho, por consequência, tem que se começar desde já a fazer. “Neste momento já foi constituída uma equipa para que o plano comece a desenvolver- -se, mas, independentemente disso, como aqui é habitual, os professores fazem um diagnóstico das aprendizagens e são delineadas estratégias para recuperem conteúdos”, vincou, mostrando que este diagnóstico não é nada de desconhecido nem de difícil concretização. Em Vila Flor, onde a comunidade escolar está “descansada”, estando ainda, ao longo da semana, a ser testada, o plano será construído “a partir das bases, ouvindo os professores, porque eles é que sabem o que não foi aprendido”. Depois de se fazer o levantamento é que se passa às “estratégias” a implementar. Em Vinhais, no Agrupamento de Escolas D. Afonso III, os departamentos já reuniram e debruçaram-se sobre o que há a fazer. “Ainda há documentos por sair e estamos um bocado na expectativa”, disse o director, Rui Correia, que salientou ainda que, por aqui, desde o ano passado, está a ser implementado um projecto piloto, de desmaterialização de manuais. “No ano passado começámos com o quinto ano e agora alargámos ao quarto, sexto, sétimo e décimo anos. É uma forma de combater as desigualdades”, frisou Rui Correia. Por Vinhais, se, a qualquer momento, os alunos tiverem que ir para casa, “o agrupamento está mais do que preparado pois todos os estudantes têm computador e a escola pode emprestar aos que não o tiverem”, disse o director. Em Macedo de Cavaleiros o processo está mais avançado. “Fizemos um levantamento de necessidades no final do passado ano lectivo. Por exemplo, identificámos problemas no Português e na Matemática em três turmas do oitavo ano e essas turmas já têm uma componente reforçada nos horários”, esclareceu o director do agrupamento, Paulo Dias, que acrescentou ainda que, a par de tudo isto, se aderiu a uma academia de líderes, ao nível do terceiro ciclo e ensino secundário, que prevê que os alunos sejam orientados vocacionalmente, ajudando-os, mais cedo que o previsto, a perceber que caminho devem e podem seguir.

Jornalista: 
Carina Alves