Ter, 21/09/2021 - 11:45
Os objectivos, além da recuperação das competências, passam essencialmente por diversificar as estratégias de ensino, investir no bem-estar social e emocional e dar uma maior capacitação às escolas, através do reforço de recursos e meios. Segundo avançou o Governo, o plano apresenta um conjunto de medidas, que vai conferir mais autonomia às escolas. As estratégias educativas, que o Governo apelida como “diferenciadoras”, são dirigidas à promoção do sucesso escolar e, sobretudo, ao combate às desigualdades, através da educação. Assim, este plano, destinado aos estudantes dos ensinos básico e secundário, incide em três eixos estruturantes de actuação: ensinar e aprender, apoiar as comunidades educativas e conhecer e avaliar. Cada um destes eixos divide-se depois noutros pontos a trabalhar, sendo que cada agrupamento deve dar destaque às áreas de incidência prioritária e em acções específicas.
Identificar as lacunas dos alunos
No distrito de Bragança, as escolas, que abriram na semana passada, começaram agora, no arranque do ano lectivo, a trabalhar no plano, com vista ao seu estabelecimento e concretização, mas ainda não há grandes certezas das verdadeiras lacunas. Está agora, já com as aulas a decorrer, a perceber- -se quais as maiores dúvidas que os estudantes têm e onde mais é preciso investir. Fátima Fernandes, directora do Agrupamento de Escolas Miguel Torga, esclareceu que a escola “já está por dentro do que se deve fazer”, e mostra-se descansada porque “no ano passado já se implantaram algumas actividades de recuperação”. Por aqui, parece que as coisas seguem a bom ritmo, estando já tudo mais ou menos bem identificado e, há semelhança do que há-de acontecer noutras escolas, o plano de recuperação será depois aplicado, ao longo do ano, de acordo com as reais necessidades daqueles alunos em questão. “As turmas do ano anterior, no que toca a conteúdos, têm algumas dificuldades ao nível da Matemática e Português”, referiu a directora sobre o que o diagnóstico já mostrou, dizendo que “também é preciso trabalhar a parte emocional, que, nestes últimos dois anos, foi abalada”. A directora esclareceu ainda que os alunos do primeiro ano tiveram algumas dificuldades em determinadas competências básicas. “Aprender a ler e escrever à distância é difícil, mas, no nosso agrupamento, já há estratégias para colmatar essas dificuldades. Os professores vão apostar em projectos dirigidos a essas competências”, afirmou, vincando ainda que todo este trabalho será feito com os recursos humanos que o agrupamento já tinha, não querendo comentar as críticas de alguns sindicatos, que se queixaram dos escassos recursos para que as escolas contratassem os profissionais necessários para implementar o plano. Ainda pela capital de distrito, no Agrupamento de Escolas Abade de Baçal está agora, em pleno arranque, a identificar-se os problemas. “Os departamentos ainda estão em reuniões e depois os concelhos de turma hão-de aferir que aprendizagens é necessário recuperar, caso seja preciso”, vincou a directora do agrupamento, Teresa Sá Pires, que avançou que, à semelhança do que acontece no Agrupamento Miguel Torga, também não serão contratados mais profissionais para que o plano se implemente e concretize. “Vamos trabalhar com os nossos docentes, naquilo que eles entenderem”, frisou ainda a directora. Por Vila Flor, segundo admitiu o director do agrupamento, Fernando Almeida, o cenário é idêntico, ou seja, as aulas arrancaram e o trabalho, por consequência, tem que se começar desde já a fazer. “Neste momento já foi constituída uma equipa para que o plano comece a desenvolver- -se, mas, independentemente disso, como aqui é habitual, os professores fazem um diagnóstico das aprendizagens e são delineadas estratégias para recuperem conteúdos”, vincou, mostrando que este diagnóstico não é nada de desconhecido nem de difícil concretização. Em Vila Flor, onde a comunidade escolar está “descansada”, estando ainda, ao longo da semana, a ser testada, o plano será construído “a partir das bases, ouvindo os professores, porque eles é que sabem o que não foi aprendido”. Depois de se fazer o levantamento é que se passa às “estratégias” a implementar. Em Vinhais, no Agrupamento de Escolas D. Afonso III, os departamentos já reuniram e debruçaram-se sobre o que há a fazer. “Ainda há documentos por sair e estamos um bocado na expectativa”, disse o director, Rui Correia, que salientou ainda que, por aqui, desde o ano passado, está a ser implementado um projecto piloto, de desmaterialização de manuais. “No ano passado começámos com o quinto ano e agora alargámos ao quarto, sexto, sétimo e décimo anos. É uma forma de combater as desigualdades”, frisou Rui Correia. Por Vinhais, se, a qualquer momento, os alunos tiverem que ir para casa, “o agrupamento está mais do que preparado pois todos os estudantes têm computador e a escola pode emprestar aos que não o tiverem”, disse o director. Em Macedo de Cavaleiros o processo está mais avançado. “Fizemos um levantamento de necessidades no final do passado ano lectivo. Por exemplo, identificámos problemas no Português e na Matemática em três turmas do oitavo ano e essas turmas já têm uma componente reforçada nos horários”, esclareceu o director do agrupamento, Paulo Dias, que acrescentou ainda que, a par de tudo isto, se aderiu a uma academia de líderes, ao nível do terceiro ciclo e ensino secundário, que prevê que os alunos sejam orientados vocacionalmente, ajudando-os, mais cedo que o previsto, a perceber que caminho devem e podem seguir.