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Ousilhão cumpre a tradição

Ter, 07/11/2006 - 10:37


Ousilhão, manhã de 1 de Novembro de 2006, um homem sobe a um carro de bois carregado de lenha para entregar a carga a quem der mais. É assim que se cumpre a tradição nesta aldeia do concelho de Vinhais.

A madrugada foi longa e, para muitos, passada a cortar troncos suficientes para encher um tractor. Depois, houve que partir os canhotos para rechear os dois carros de bois previamente “roubados” e colocados em frente à igreja paroquial.
Finda a missa celebrada pelo padre Telmo Afonso e a respectiva romagem aos dois cemitérios da aldeia, eis que começa o arremate da lenha. “150 euros, quem dá mais?”, perguntou o leiloeiro de serviço. “170 euros, dou eu”, respondeu Fernando Ribeiro sem hesitar, para arrematar, pouco depois, o segundo carro por 150 euros.
“Vai ficar na casa da minha sogra, que já precisava dos toros para o Inverno”, explica. Terminado o leilão, há que descarregar a carga para o tractor e levar a lenha para a casa da família do comprador, que fica algo distante da igreja. Se fosse mais perto, a carga seria transportada nos carros de bois, puxados por homens da aldeia, tal como aconteceu na noite anterior.

Finda a missa celebrada pelo padre Telmo Afonso e a respectiva romagem aos dois cemitérios da aldeia, eis que começa o arremate da lenha. “150 euros, quem dá mais?”, perguntou o leiloeiro de serviço.

“Eram cerca das 4 da manhã quando os carros desceram as ruas da aldeia com os ‘travões’ bem apertados para fazerem muito barulho”, explicou o presidente da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Ousilhão, Carlos Esteves.
Quanto à carga, “temos o cuidado de cortar a lenha em locais diferentes, para não calhar sempre aos mesmo dono”, assegura o responsável.
Feita a entrega na manhã seguinte, ainda há tempo para caldo verde, pão, carne assada e mais um copo, antes de recuperar forças para o resto do dia. Em Ousilhão é assim, pois a tradição nunca morreu. “Tenho 57 anos e desde criança que me lembro que se cumpre este ritual”, recorda o presidente da Junta de Freguesia, Carlos Vaz.
A ida aos canhotos, o convívio e os repastos pela noite dentro sempre entusiasmaram os rapazes de Ousilhão, num tempo em que os casados disputavam um carro de lenha com os solteiros. “Antes cada um puxava o seu, mas hoje, como somos menos, ajudamo-nos uns aos outros, para que a tradição se mantenha viva”, salienta o autarca.
Outra das figuras de proa dos usos e costumes de Ousilhão é o padre Telmo Afonso, que há cerca de 25 anos orienta aquela paróquia. “É uma mais valia tê-lo cá, porque compreende como poucos as tradições e está sempre disponível para colaborar. A Festa dos Rapazes só é o que é porque temos um padre como ele”, garante Carlos Esteves.