Ter, 07/11/2006 - 10:23
Apesar das inúmeras manifestações da população, 79 quilómetros da linha do Tua acabaram mesmo por encerrar no início da década de 90, ficando ao abandono dezenas de estações e apeadeiros.
João Castro viu chegar e partir os comboios durante mais de duas décadas e é com saudade que afirma que a linha do Tua era muito movimentada, tanto por passageiros, como por mercadorias.
“Ainda guardo apontamentos da altura em que comandava as operações na estação de Bragança. O comboio era o transporte utilizado para fazer chegar à região as mercadorias necessárias, como era o caso dos adubos para a agricultura”, recorda o antigo chefe de estação.
Na óptica deste bragançano, a deterioração da linha foi a táctica utilizada pela CP, em meados dos anos 80, para levar o comboio da região.
“Como não lhes pagavam, os funcionários foram-se embora e, para o fim, já não andava quase ninguém entre Mirandela e Bragança. A CP virou as costas a esta linha”, lamenta João Castro, acrescentando que os grandes empresários de autocarros também tiveram influência na decisão do Governo.
O ex-chefe de estação lembra, ainda, que a linha do Tua era rentável. “Era esta linha que cobria o défice dos outros troços, nomeadamente do Sabor e do Corgo”, realça ao mesmo tempo que classifica a partida do comboio como uma “afronta” para o povo transmontano.
Teresa Batista/Orlando Bragança