Otília Farruquinha deixa os seus 14 filhos cheios de saudade

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Ter, 12/10/2021 - 09:28


Há cerca de quatro anos foi tema principal desta página a tia Otília Farruquinha e os seus sete casais, pois deu ao mundo 14 filhos, sete rapazes e sete raparigas. E quis o destino que tivesse uma morte tão trágica. Faleceu a 2 de outubro, aos 82 anos. Nesta edição vamos compartilhar convosco a homenagem que a sua família lhe fez. Muita da nossa família mostrou o seu pesar, dando muita força à Irene e ao Leonel, que são os filhos que mais participam no programa “Bom dia Tio João”.
Alguma da nossa gente já anda a dar uns passeios pelos soutos à procura das primeiras castanhas.
Se a nossa família chora a morte, também festeja a vida! Estiveram de parabéns esta semana: Norminda Araújo (82) Ribeirinha (Mirandela); Rita Moreira (74) Oleirinhos (Bragança); Guilherme Pássaro (68) Grijó (Bragança); Maria Areias (65) Lebução (Valpaços); Margarida Gonçalves (62) Bragança; Fernanda Topete (61) Souto da Velha (Torre de Moncorvo); Manuel Oliveira (58)Argozelo (Vimioso); Adriano Antão (53) Genísio (Miranda do Douro); José Lopes (50) Argemil (Valpaços); Ramiro Jardino (48) Bragança; Mário Machado (42) Parada (Bragança); Kelly Meirinhos (19) Grijó (Bragança), a todos muitos parabéns e haja saúde!

 

Minha querida, Farrruquinha!
 Por onde começar, para falar de ti…. Seria necessário redigir um livro para contar todas as conversas, desabafos, discussões e toda a tua história de vida! Mas apenas quero dizer-te que foste uma mulher lutadora e incrível, pois, inicialmente, a tua vida não foi fácil, criaste 14 filhos com o amor que sabias dar e tudo que tinhas. Passaste por uma terrível doença que, duramente, soubeste ultrapassar por teres sempre por perto o amor incondicional e o carinho de todos os teus filhos, noras, genros e netos, que não olharam a meios para te socorrer e salvar e por isso ouvimos dizer, em conversas comuns, que “filhos como os da Farruca, não há!”. Soubeste transmitir-lhes todo o carinho e amor à tua maneira e lembro-me de te ouvir dizer várias vezes “amanhã vai a carreira do Moisés, a ver se me leva uma encomenda para França…”. Essa encomenda ia carregada de pequenos miminhos para cada um de deles, pois conhecias bem os gosto e desejos de cada um.  Recordo com muita saudade as filhós de pão que tinhas sempre que te visitava, quando cozias semanalmente, pois a família era grande, mas pão, carinho e algumas arrelias, que fazem parte da vida, havia sempre em tua casa, mas o mais marcante e genuíno era o teu sorriso e abraço que me davas quando me vias! 
Superaste a doença e a tua vida melhorou como a de todos os teus filhos, que souberam vencer lá fora e são hoje pessoas estimadas e respeitadas por todos, o que te dava muito orgulho. 
 As saudosas filhós de pão deram lugar aos chocolates! Sempre que te visitava lá vinha o meu miminho recheadinho de abraços, sempre com o teu sorriso! E agora minha querida Farruquinha?! Quem me vai dar esse sorriso e abraço? 
Adoravas as tuas noras e genros e tinhas imensa vaidade com todos, tal sentimento era recíproco, pois também todos te admiram e respeitam. Tens 31 netos e 18 bisnetos e, por incrível que pareça, conhecias os nomes a todos, apesar dos teus 82 aninhos! A tua alegria ficava estampada na cara quando sabias que os mandavam para ao pé de ti passar as férias!
E agora como vai ser? Aos teus queridos filhos e netinhos… Quem os vai abraçar quando chegarem? Quem vai enviar-lhes os miminhos da mãe/avó Farruquinha? 
Quis o destino levar-te de forma tão macabra e marcante, um acidente causado por quem sempre te admirou e amou! 
Fica a nossa admiração e referência, pois sempre contribuíste para a paz e união na família. Detestavas zangas e querias que tudo estivesse bem. 
Querida tia, partiste, para sempre e para longe de todos nós, mas ficam as boas lembranças e a pessoa resiliente que foste, a mãe maravilhosa, a irmã querida e a tia inesquecível!
Até sempre! Olha por nós, no lugar onde estiveres.

 
Fátima Mateus

 

 

29 de Outubro de 1939
Nasceu uma filha de Deus
Na aldeia de Coelhoso
De seu nome, Otília de Jesus Mateus

No seio de uma família humilde
Com amor ela cresceu
Até casar com o homem
Que o destino lhe escolheu

Começou então
A sua batalha de vida
Gerou 7 filhos e 7 filhas
E formou uma bela família

Que mulher lutadora
Que mulher tão guerreira
Com todas as dificuldades
Lá os criou à sua maneira

Ensinou-lhes o mais importante
O que realmente significa amar
Podia ter pouco
Mas algo tinha sempre para lhes dar

Enfrentou duras batalhas
Onde lutou e foi forte
Superando todas elas
Fintando sempre a morte

Mas a hora dela chegou
Deus a cobriu com o seu véu
Alguém tão boa e pura
Já tinha o seu lugar no céu

Foi rainha na terra
Será no céu uma estrela
Que nem o poder da morte
A impediu de ser bela

Todos sempre a trataram
Com respeito e admiração
Alguém que ama tantos de igual forma
Tem que ter um grande coração
Quis o destino
Que tombasse de forma injusta
Tal como todos os gigantes
Que nunca perdem uma luta

Foi traiçoeiro com ela
E levou-a desprevenida
E todos aqueles que tanto amou
Não se puderam despedir em vida

Alguém que tanto a amava
Hoje sofre por a perder
Sussurre-lhe ao ouvido
Que nada havia a fazer

Diga-lhe que os seus filhos
Precisam de muito amor
E que todos juntos
Irão ultrapassar esta dor

Diga-lhe também
Que ninguém é culpado
Somos humanos e impotentes
Quando o destino está traçado

Filhas e filhos, noras e genros
A amam loucamente
Parte do estado físico
Mas viverá para sempre

Netos, bisnetos, irmãos e sobrinhos
Nunca a irão esquecer
Deus levou-lhe o corpo
Mas o seu amor irá permanecer

Roubou toda a beleza
Ao jardim que tem em seu redor
Para nesta hora tão dura
Continuar a transmitir o seu amor

Parte numa viagem sem volta
De forma triste e serena
Mas lembre-se
Para os seus, será sempre ETERNA

Descansa em Paz
Otília de Jesus Mateus
Aos olhos do povo
Onde nasceu e morreu

Não é o adeus
Que reuniu tanta gente
É o amor por SI
Que é de ontem, de hoje e PARA SEMPRE

Silvia Rodrigues