Ter, 05/11/2019 - 10:28
Como estão os leitores da página do Tio João? Nós cá vamos em maré de aniversário dos 30 anos.
São cada vez mais aqueles que, participando nas emissões, querem mostrar o seu contentamento pela longevidade do nosso programa. Também são muitos os ouvintes antigos, do início do programa, que tinham estado calados mas, como o bom filho a casa torna, têm aproveitado a data para recordar como era a sua vida há 30 anos.
A tia Maria da Conceição, de Fontes de Transbaceiro (Bragança), fez uma crónica, que contou toda a história marcante da família e recordou amigos que Deus já levou. O tio Físico, de Outeiro (Bragança), que foi o primeiro participante a cantar para a nossa família, fez agora uma nova versão da canção, com o seguinte refrão: “os bons dias venho dar / por meio desta canção / vamos todos telefonar / ao Bom Dia Tio João. Oh! tios e tias desta região / vamos dar os bons dias ao Tio João / de segunda a sábado, sem arrogância / está o tio João na Rádio Brigantia. / Trinta anos se passaram / à luz do sol ou da lua / uns já partiram e outros ficaram / e o programa continua.” Na última semana também recordámos os primeiro versos, feitos em 1990, pela Ana Sofia Pereira, de Bragança, que relatam a história da formação da família.
No mês de Outubro tivemos 41 novas apresentações, esperando que o mês de Novembro nos traga, pelo menos, outras tantas. Nesta época de castanhas, magustos e caça, muitos cães se perdem dos seus donos, como foi o caso do tio Adérito Fernandes, de Quintanilha (Bragança), que viu desaparecer três cães. Ao fim de uma semana apareceram em pele e osso, com a ajuda do nosso programa.
As torneiras do céu têm estado abertas de vez em quando, o que tem ajudado a que caia a castanha, que é rainha nas diversas feiras e festas da nossa região, como aconteceu em Avelanoso (Vimioso), onde estivemos em directo, no sábado, na Feira das Castanhas e Produtos da Terra, pelo terceiro ano consecutivo, com o nosso programa. No próximo fim-de-semana, dia 10, também vamos estar em Vilar Seco (Vimioso), na Feira das Colheitas.
Nos aniversários, começamos pela Patrícia Mendes (30), das Lagoas (Valpaços), que nasceu no mesmo dia da nossa família. Quem esteve de parabéns também foi o José Manuel (65), de Canavezes (Valpaços); Cremilde (96), de Pinela (Bragança); Bruno Silva (20), de Bragança; Mercília (62), Samardã (Vila Real); António Medeiros (49), de Nuzedo de Baixo (Vinhais) e Marcolino Félix (85), de Sobreiró de Baixo (Vinhais). Parabéns a todos, com muita saúde e paz, que o resto a gente faz.
Agora vamos conhecer melhor o nosso tio Neca Gaiteiro.
De seu nome Manuel Joaquim Alves, mais conhecido por Tio Neca Gaiteiro, o único membro da nossa família que ficou com o ápodo de gaiteiro, que já há muitos anos nos delicia com o som da sua gaita de foles.
Nasceu em 1935, na aldeia de Nunes (Vinhais), no seio de uma família de 12 irmãos. Como na altura a vida era muito difícil, aos 8 anos saiu de casa para ir guardar “umas crias” (vacas). Dos 11 até aos 17 anos foi cabreiro, altura em que aprendeu a tocar gaita de foles. Recordou-nos que, pela tardinha, se juntavam os 15 pastores que havia em Nunes e Romariz, junto ao sítio onde se fazia a telha, por cima de Romariz, para “tocar, bailar e pintar a manta”. Aos 17 anos deixou a cabrada para ir à tropa, sendo mobilizado 3 anos para a Índia, de onde regressou em Abril de 1959, casando-se nesse mesmo ano, no dia 22 de Outubro, há, portanto, 60 anos. Desde então foi emigrante em Espanha, França e Alemanha, país onde trabalhou numa fábrica de fazer mosaicos, onde sofreu um acidente laboral em 1968, partindo o maxilar, o que o deixou cerca de “um mês e meio de boca aberta”.
Foi o tio Neca que fundou o extinto grupo de Gaiteiros de Vinhais, que esteve no activo 25 anos, constituído por 12 gaiteiros, 4 bombos e 3 caixas. Durante estes anos também ensinou a tocar um filho e um sobrinho, além de outros jovens da sua localidade. Actualmente toca em algumas festas, juntamente com o seu cunhado, o tio Chedre, de Nunes.
Este ano foi o tio Neca que abriu a festa do Magustão, em Vinhais, na Rural Castanea, mostrando que aos 84 anos ainda tem força para a gaita. Parabéns pelo seu gosto e entrega total a este mundo da gaita de foles. Que continue por muitos e longos anos a gaitar-nos, sempre que possa.