Ter, 08/11/2016 - 10:40
Olá familiazinha! já está a decorrer o mês de Novembro, mês das almas, das castanhas e dos magustos, das águardentes, cujo tema vamos desenvolver nesta página e segundo aconselha o »Seringador», o que se deve semear neste mês é alface, beterraba, cebola, couve-galega, nabiças de grelo, nabo redondo, rabanetes, ervilhas, favas e salsa. Também se faz a sementeira de todo o género de grãos que servem para pão, como, trigo, centeio, cevada e outros. Plantam-se couves (lombarda, repolhos, tronchuda, flor e brócolos), cerejeiras, pessegueiros, macieiras e pereiras. Colhem-se e apanham-se azeitonas, amêndoas, avelãs, castanhas, nozes, dióspiros, limões, laranjas, maçãs, pêras, kiwis e romãs.
Também se fazem outros trabalhos, como por exemplo proteger contra as geadas as plantas mais tenras com abrigos plásticos, esteiras, palha, etc.
Preparam-se os talhões e os canteiros destinados às sementeiras e plantações de Primavera. As estrumações são indispensáveis. Desbastam-se os nabais, aproveitando o produto do desbaste para dar ao gado.
Em algumas terras chamam bagaço ou borras, ao cango e grainhas que ficam no lagar depois de retirar o vinho. Noutros locais chamam bagaço à aguardente propriamente dita. Depois da vindima, já o vinho repousa na pipa, e o bagaço vai para o pote para ser transformado em aguardente. Após a feitura do vinho, ainda há mais para aproveitar daquilo que restou das uvas. Por isso, depois de retirado o vinho para os pipos, o bagaço é levado para o alambique ou pote onde se faz a aguardente.
Há alguns anos este líquido servia, muitas vezes, de mata-bicho dos homens e era utilizado com fins terapêuticos: servia de desinfectante substituindo o álcool, de digestivo após as refeições, para aliviar a dor de dentes e no tratamento de constipações, quando aliado ao limão e ao mel no chamado champurrião. Agora há quem não a dispense com o café.
Tem que haver alguma atenção por parte das pessoas que estão a fazer a aguardente. A água do tanque por onde passa a serpentina tem que ser renovada frequentemente, pois vai aquecendo provocando a paragem na condensação; a chama da fogueira também tem que ser controlada pois se for muito forte a aguardente sai com um gosto desagradável a queimado e pode avinhar-se. O teor alcoólico também tem que ser vigiado pois a certa altura o líquido já sai fraco. O alambique ou “os potes” é o conjunto formado por duas peças de cobre, uma espécie de forno e a parte móvel, formada por uma caldeira e uma serpentina feitas em cobre.
A caldeira, com o bagaço, coloca-se por cima da lenha a arder. Com o aquecimento, começam a libertar-se vapores que se espalham pela serpentina. Esta está submersa no tanque cheio de água fria. Em contacto com ela, dá-se a condensação do vapor que passa para o estado líquido e vai sair por um tubo, caindo para dentro de um cântaro ou garrafão. É a aguardente vínica, um produto alcoólico que resulta da destilação do bagaço de uva fermentado.
De um modo geral 100 kg. de uva originam entre 70 a 75 litros de mosto e 25 a 30 Kg. de resíduos da fermentação, também denominado bagaço.
As fotos do nosso tio Orlando do Nascimento retratam todo o processo do fabrico da águardente. Há pessoas que fazem uma média de 4 garrafões por potada. Em outros lugares só fazem um cântaro (12 litros) por potada. Quem quer envelhecer a águardente tira só cerca de oito a dez litros por potada.