Na complexidade da vida e das barreiras que ela nos coloca pela frente, há sempre decisões que será preciso tomar. Podem ser as certas, ou não, mas temos de as tomar, seja em que contexto for. A Europa vive hoje momentos difíceis e que não eram esperados há bem pouco tempo. Desde uma pandemia que nos colocou entre a vida e a morte, entre a clausura e uma liberdade temerária, uma guerra inesperada e que se pensava nunca mais acontecer nesta Continente e ainda todas as consequências que tudo isto provocou. As consequências que são sempre imaginadas antes de as conhecermos, revelam-se gigantescas depois quando temos de conviver com elas. Absolutamente. Com a pandemia convivemos com a morte bem perto de todos nós e pensávamos que só acontecia aos outros, mas depressa nos apercebemos que afinal estávamos errados. Os nossos familiares e amigos morriam ali ao lado e nem sequer podíamos ir aos funerais para uma derradeira despedida. Foi terrível. Mas desengane- -se quem pensar que acabou. Não acabou e lá pelos lados da China, vão adiantando mais uma pandemia de milhões com um novo vírus que grassa por lá. Simplesmente assustador! A guerra desmesurada e que se pensava ser uma pequena escaramuça entre a Rússia e a Ucrânia, a exemplo do que tinha acontecido com a Crimeia, também foi um engano. Afinal não era uma escaramuça e muito menos uma quezília entre dois protagonistas que ansiavam por imediatismo precoce. A guerra veio para ficar e por muito tempo, destruindo cidades inteiras numa ambição desmedida e insuportável, onde as justificações não têm sentido, já que nada há que justifique os milhares de mortos espalhados pelas ruas das cidades ucranianas. É uma chacina levada a cabo por um homem doente, sem consciência, sem sentido de vida, de oportunidade ou de futuro. Desprezível. Um homem à espera de ser julgado, como todos os outros seus iguais, se ainda for vivo quando for apanhado. Porque todos são apanhados e julgados. As consequências desta guerra só ainda as conhecemos pela metade. A contra ofensiva ucraniana começou já. A destruição da barragem no rio Dnipro, ao que parece de iniciativa russa, vai ter consequências enormes a todos os níveis. Terrenos férteis submersos que vão ficar sem produzir, vão provocar fome e ainda mais desigualdades sociais. A par disto, o preço dos produtos a aumentar diariamente devido ao custo do petróleo, dos transportes e de tudo o que envolve a manutenção desses produtos. A fome que já se vive porque não há dinheiro para comprar os bens alimentares mais necessários, a falta de empregos, o aumento geral do custo de vida. Enfim, um sem número de consequências que será difícil enumerar e resolver no imediato. Tudo por causa de uma guerra absurda. Mas há mais consequências a que podemos apelidar de paralelas. São as consequências políticas. Se alguém pensava que os governos se aguentavam sem serem atingidos por toda esta crise mundial, estavam enganados. Foram e muito. Os governos europeus estão a braços com eleições e as oposições espreitam a oportunidade de alcançar bons resultados e até de ganhar. A Direita está atenta e vai ganhar pontos. Para isso propõem mudar tudo, dar melhores condições de vida, aumentar salários e descer os impostos. Promessas, que em tempos de crise fazem ganhar eleições. Aconteceu com Hitler na Alemanha, com Mussolini na Itália e com mais alguns países. Nessa altura a viragem foi essencialmente à direita. Os governos liberais que tinham ganham eleições igualmente em tempo difíceis, era a vez destes ganharem igualmente em tempos de crise. Hoje e, depois de tempos mais serenos e democráticos, reclamam-se alterações governativas uma vez mais à Direita. A Espanha acaba de ter o seu sabor amargo. O PS demitiu- -se do governo e vai a eleições. Perdeu a confiança do povo. O governo socialista não conseguiu sobreviver à crise. A Direita irá ganhar certamente. Vai acontecer a mudança. A Itália já está a governar com a Direta no poder. Tempos que fazem lembrar Mussolini. A mudança já se deu. Estamos no início. Na França, Macron está nas mãos da oposição. Ganhou as eleições, mas sem maioria. É contestado em toda a França e pedem a sua demissão. O aumento da idade da reforma, levou o país a uma situação de ferro e fogo. Saíram à rua e incendiaram o que lhes apeteceu, assaltaram as lojas, queimaram carros e pediram a cabeça de Macron. Ele não cedeu, mas o tempo está a contar e não é a seu favor. Está a iniciar-se a mudança. Na Turquia Erdogan conseguiu manter-se no poder, mas apanhou um susto. Em Portugal, também com tempos muito difíceis, Costa aguenta-se porque tem maioria, mas nem assim consegue governar descansado. O caso Galamba veio para ficar e causar confusão. O povo está na rua e as greves não páram. Pede-se a queda do governo e novas eleições. Marcelo não está pelos ajustes. Mas os tempos são deveras difíceis. Será que Costa aguenta, ou fará como fez o seu amigo e correligionário Sanchez? Nunca se sabe. Os tempos são mesmo de mudança!