DOS ANIMAIS VOADORES

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Tempos houve em que os media nos evidenciavam e traziam notícias das vacas que riam ou que ficavam felizes quando ordenhadas. As que hoje chegam aos areópagos mediáticos têm asas e voam. E fazem-no só para que nos possa ser garantido que a vontade, empenho e competência, em dose apropriada serão suficientes para propiciarem belos voos aos bovinos femininos e um futuro melhor, mais simples e mais eficiente para todos nós. Duvido das capacidades aladas das cornélias e mimosas, não tanto pelo peso ou forma (havia uns parentes dos dinossauros, os pterossauros que igualmente avolumados e pesados povoavam os céus pré-históricos) mas pela pachorrenta locomoção incapaz de proporcionar a velocidade incial necessária e suficiente à pré-elevação mínima para lançamento no espaço. Isso não implica que haja qualquer  dúvida da conveniência e importância do simplex e muito menos da capacidade da ministra Maria Manuel Leitão Marques de o implementar e otimizar. Por isso tudo o que haveria a dizer sobre o voo das vacas fica arrumado com o mediático número do Primeiro-Ministro. Nada mais a acrescentar. São outros os seres alados que merecem a nossa atenção e preocupação: as abelhas!
São muitas as espécies em vias de extinção e muitas mais as que já foram extintas. Nenhuma delas contudo tem o potencial destruidor das abelhas. Albert Einstein estima que, sem abelhas, a humanidade não sobreviverá mais que quatro anos. Sem abelhas a polinização reduz-se de forma dramática. Sem polinização a esmagadora maioria da flora deixará de se reproduzir. Sem esta os animais herbívoros praticamente desaparecerão. Sem estes os carnívoros deixarão de ter alimento e estarão igualmente condenados.
Inexoravelmente!
Notícias que chegam de todo o mundo dão nota do crescente desaparecimento destes artrópodes alados. Por todo o mundo e, em particular na nossa vizinha Espanha, ou seja à nossa porta. O risco é sério e iminente. Há que tudo fazer para potenciar a manutenção das comunidades das abelhas e tudo (absolutamente tudo) evitar que possa, mesmo que marginalmente, contribuir para a sua diminuição. O não retorno, neste caso, seria demasiado dramático e de consequências catastróficas. Não haveria vacas que nos pudessem valer. Voadoras ou não.

Por José Mário Leite