Esta iniciativa foi lançada pela FCG em 2015, que, por concurso público, selecionou 12 hospitais a nível nacional, entre os quais a ULS do Nordeste, tendo em vista a implementação de uma metodologia de melhoria contínua com vista a reduzir em 50 por cento a incidência das infeções hospitalares num período de três anos.
Durante o primeiro ano de implementação do projeto, os resultados alcançados pela ULS do Nordeste superam os objetivos iniciais e são motivo de orgulho, tanto para as equipas clínicas dos serviços que a ele aderiram, como para o Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência a Antimicrobianos (PPCIRA), que assegura o acompanhamento e monitorização do projeto na instituição.
Em prol dos utentes
Estes excelentes resultados puderam ser comprovados por uma comissão de peritos do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e por peritos da Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito de uma visita realizada, no dia 19 de outubro, aos Serviços Clínicos da ULS do Nordeste onde está a ser implementado o projeto “Stop Infeção Hospitalar!” - Serviços de Medicina nas Unidades Hospitalares de Bragança e de Mirandela, Serviço de Medicina Intensiva (Bragança), Serviço de Cirurgia na Unidade Hospitalar de Bragança e Serviço de Ortopedia na Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros.
Entre os notáveis resultados alcançados pela ULS do Nordeste destaque para a redução consistente e superior a 50 por cento nas infeções do trato urinário associado a catéter vesical (algália) nos Serviços de Medicina nas Unidades Hospitalares de Bragança e de Mirandela, em infeções relacionadas com intervenções cirúrgicas, como por exemplo a cirurgia da vesícula não contaminada, na Unidade Hospitalar de Bragança, e nas infeções associadas à colocação de próteses da anca e do joelho, no Serviço de Ortopedia na Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros.
Zero infeções urinárias
Com ótimo desempenho no âmbito deste projeto destaca-se o Serviço de Medicina na Unidade Hospitalar de Mirandela, que eliminou completamente as infeções hospitalares do trato urinário associadas a catéter vesical (algália), não registando qualquer infeção desde 27 de dezembro de 2015.
Os profissionais reconhecem que não foi fácil. Mas perante os benefícios que a implementação do projeto trazia, em primeiro lugar para os doentes, com a melhoria dos cuidados prestados, e também para os próprios profissionais de saúde, na organização e desempenho do seu trabalho, a adesão foi crescendo entre a equipa, o compromisso com as metas solidificou-se e a dada altura o entusiasmo era geral, resultando em pleno sucesso e larga superação de todas as expetativas.
Hoje, constata-se que houve uma mudança global na forma de ver e tratar o doente algaliado internado no Serviço de Medicina do Hospital de Mirandela. Se antes se fazia bem, agora faz-se ainda melhor. Houve, de facto, com este projeto, segundo o enfermeiro responsável, José Clemente, “uma melhoria qualitativa dos cuidados prestados aos utentes”. Isso passou por “tornar as boas práticas intrínsecas a cada profissional, assimilá-las e incorporá-las nas suas rotinas”, ou seja, pela mudança de toda uma cultura na prestação de cuidados.
Trabalhar em equipa
O envolvimento de todos os elementos da equipa foi, na ótica do Dr. Carlos Martins, um dos médicos que aderiu ao projeto desde o seu início, decisivo. “Passou a fazer-se uma abordagem diferente do doente, cada um de nós – médicos, enfermeiros, assistentes operacionais – ficou mais desperto para pormenores que fazem toda a diferença ao nível da prevenção de infeções hospitalares”, salienta.
À medida que a implementação do STOP Infeção Hospitalar foi avançando, a equipa, constituída por 5 médicos, 22 enfermeiros e 10 assistentes operacionais que integram o Serviço de Medicina Interna, foi ficando mais coesa, mais motivada e ainda mais focalizada no doente.
Disseminar conhecimento
O desafio levou também a um maior investimento na formação. As enfermeiras Ângela Fernandes e Marina Esteves, do núcleo duro da implementação do projeto neste Serviço, recebem regularmente formação específica no âmbito do mesmo e transmitem-na depois à restante equipa.
Estes elos de ligação e fontes de comunicação estão no entanto, além da formação interna no Serviço, a trabalhar com as famílias e com outros cuidadores dos doentes, como é o caso dos lares. O objetivo é “alargar as boas práticas no cuidado ao doente algaliado quando este sai do hospital”. “Convocamos os cuidadores e fazemos o seu ensino, de modo a desenvolverem uma atitude preventiva da infeção provocada pelo uso da algália, minimizando os riscos de que ela possa acontecer”, explicam.
Um empenho acrescido dos profissionais do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Mirandela, cujos frutos estão já à vista e são motivo de orgulho geral, prometendo todos continuar a dar o seu melhor em prol da segurança e do bem-estar dos utentes.