A qualidade de vida é influenciada por várias dimensões, nomeadamente a psicológica, relacionada com o sentimento de bem-estar e satisfação com a vida; a social, ligada à participação em atividades de caráter social e ao suporte social; a física, relacionada com a autonomia, a funcionalidade e o estado de saúde; e a ambiental, ligada ao acesso a serviços e ao sentimento de segurança.
Neste contexto, o convívio e as relações sociais são fundamentais para a qualidade de vida de todos os indivíduos, ao contrário do isolamento social e da solidão, que afetam negativamente a saúde e o bem-estar.
O isolamento refere-se à falta de contacto social e verifica-se quando há ausência de contacto social ou familiar, de envolvimento na comunidade ou dificuldade no acesso a serviços de que necessita. Pode ocorrer em todas as fases do ciclo da vida, pode afetar homens e mulheres, pessoas empregadas e desempregadas, casadas e solteiras, que residem em meios rurais e urbanos.
Atenção aos fatores
de risco de isolamento
As condições psicológicas e sociais a que as pessoas estão expostas podem aumentar o risco de isolamento social, nomeadamente:
- Situação familiar. As pessoas que não têm filhos, que se reformam, que ficam viúvas ou que estão abandonadas pelos familiares, sobretudo se forem idosos, têm um risco acrescido de isolamento;
- Fraca mobilidade e acessibilidade. A saúde piora e a autonomia diminui à medida que a idade aumenta. A localização e a arquitetura das habitações podem levar ao isolamento físico das pessoas;
- Eventos de vida. Há episódios, muitas vezes súbitos, que desencadeiam isolamento e solidão, como por exemplo o falecimento de um familiar ou amigo, a mudança de casa ou institucionalização, o desemprego ou trabalho a partir de casa;
- Situações de doença mental. A desinformação e desconhecimento geram nas pessoas a imagem e o estereótipo de agressividade e, consequentemente, estigma, distanciamento e medo relativamente às pessoas com este problema de saúde. A depressão, por exemplo, é um fator de risco de isolamento, uma vez que as pessoas deprimidas tendem a passar mais tempo sozinhas ou são estigmatizadas socialmente. Por outro lado, as pessoas isoladas têm um risco maior de vir a sofrer de depressão;
- Maus tratos. Quem sofre de situações de violência tem risco acrescido de ficar isolado;
- Dependência de substâncias psicoativas;
- Ser cuidador informal permanente. As pessoas que, além da sua profissão, cuidam de alguém que tem uma doença crónica, deficiência ou dependência estão mais expostas a situações de isolamento, fraca saúde física e mental e distanciamento do mercado de trabalho.
O isolamento social pode desencadear o sentimento de solidão, que está relacionado com a ausência de contacto, de sentimento de pertença ou com a sensação de se estar sozinho, podendo interferir com a qualidade de vida.
Em caso de solidão, a pessoa sente que não pode contar com ninguém, que a rede de pessoas de que dispõe não é suficiente face às suas necessidades e, por isso, sente insatisfação.
As pessoas com baixa auto-estima ou que se sentem pouco seguras em algumas situações sociais podem hesitar em estabelecer relações com outras pessoas e, assim, continuam a sentir-se sozinhas.
Quem tem fracas competências sociais, que podem ser pessoas de todas as idades, além de se sentirem mais sozinhas também estão mais vulneráveis ao stresse.
Conviva e relacione-se com outras pessoas
Pela sua saúde e bem-estar e daqueles que lhe são mais próximos, diga não ao isolamento social. Há rotinas e gestos que podem fazer a diferença e aumentar a sua qualidade de vida:
- Faça voluntariado – é uma atividade de reconhecido valor social, que permite o convívio e o relacionamento com outras pessoas;
- Participe em eventos que o façam sentir-se bem, como jantares com amigos ou festas;
- Convide um amigo, vizinho ou colega para sair e conversar;
- No trabalho procurem manter relações sociais com os colegas;
- Faça atividade física - caminhe e conviva ao ar livre;
- Aceite ajuda e ajude quem pede - a ajuda mútua fortalece relações;
- Se perceber que não vê uma pessoa há muito tempo, bata-lhe à porta e diga-lhe que faz falta.
Cuidar da sua saúde e bem-estar está nas suas mãos. Se precisar de ajuda, recorra ao seu médico de família ou ligue para o centro de contacto do SNS: 808 24 24 24.