Ter, 16/05/2023 - 09:49
É a precisar de mais 30 elementos que os bombeiros de Torre de Moncorvo celebraram, no fim-de-semana, 90 anos. Segundo esclareceu o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Torre de Moncorvo, a corporação tem 60 bombeiros no activo e 20 na reserva. Diz que, “são, mais ou menos, 90 bombeiros”. Destes, cerca de 40% são voluntários.
A falta de elementos foi um dos temas que marcou o discurso de António Salema, nas comemorações, sendo que este “problema” se deve ao desemprego e, por isso, “os jovens têm que rumar a outros lugares e há falta de pessoas para exercer o voluntariado”.
Neste momento, estão a formar-se 15 novos elementos em Moncorvo mas “eram precisos mais 30”.
O preço dos combustíveis, que nos últimos tempos subiu, e o atraso nos pagamentos dos serviços que os bombeiros prestam, deixa a corporação numa “situação financeira que aperta e muito”. Segundo relatou António Salema, “tanto as despesas dos fogos florestais como o transporte de doentes são situações que são uma aberração”. Ou seja, “põe em perigo a existência das associações e muitas vivem aflitas todo o ano”. “As receitas não entram a tempo, o que causa graves problemas. O gasóleo subiu demasiado e é pago ao preço corrente, trazendo-nos grandes dificuldades. O pagamento das entidades também se atrasa e nós temos que pagar aos fornecedores de combustível e às oficinas”, rematou, dizendo que os atrasos andam na ordem dos 60 dias e que “houve aqui um apertar das corporações”, sendo que “os hospitais estão a colaborar agora mais nessa realidade”.
Mas nem tudo são problemas. Os bombeiros de Torre de Moncorvo têm agora uma Central de Comunicações e Operações renovada. A obra, “que fazia muita falta”, foi financiada, em 26 mil euros, pela Movhera. “Foi ela que possibilitou a renovação da nossa central, que estava obsoleta. Desde 1993 que começamos com rádios, depois com telefone, mas os tempos são outros”, vincou ainda o presidente da associação.
Perto do final do ano, esta corporação vai ter uma nova viatura, conforme garantiu a secretária de Estado da Protecção Civil, que esteve presente nas comemorações. Ainda assim, por agora, estes bombeiros recebem uma viatura, que “vai dar muito jeito para as acções desempenhadas”, oferecida por um corpo de bombeiros de França. “O nosso parque de viaturas, entre ambulâncias e viaturas de incêndios, estamos mais ou menos bem. Com a que a autoridade nos vai dar e com a que vem de França ficamos bem”, esclareceu António Salema.
As boas notícias não ficaram por aqui. O presidente da câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, prometeu que, brevemente, será constituída uma terceira Equipa de Intervenção Permanente. A notícia não podia agradar mais a António Salema. “A nossa vontade era muito. Vai modificar toda a nossa operacionalidade. Fazia muita falta e vai ser agora uma realidade”, terminou.
Quem acredita que estas equipas podem ajudar a resolver alguns problemas de falta de operacionais é a secretária de Estado da Protecção Civil. “Um aspecto fundamental que temos estado a implementar, e que estou convencida de que pode ajudar a contrariar esta tendência, tem a ver com o processo de profissionalização dos corpos de bombeiros. A esmagadora maioria dos bombeiros são voluntários mas temos vindo a assistir a uma crescente profissionalização. A criação das EIP’s, sendo que já há 780 autorizadas no país, significa um esforço e passo importante para ajudar a fixar pessoas nestes territórios”, esclareceu Patrícia Gaspar.
Em Torre de Moncorvo a governante pediu a prudência de todos, no que toca aos incêndios, já que se avizinham meses muito quentes, e disse que os comandos sub-regionais, sendo este o primeiro Verão que vão funcionar, trarão mais proximidade no que toca ao socorro. “Estou convencida de que esta mudança trará conquistas muito importantes para os nossos territórios. Sempre que há mudança há uma tendência para estranhar. Esta mudança de organização traz mais-valias e não há nenhuma barafunda. O dia-a-dia está a decorrer sem constrangimentos. Os bombeiros não actuam só no DECIR. Claro que agora no dispositivo especial de incêndios há stress mas estou convencida de que vamos estar todos à altura dos acontecimentos”, terminou Patrícia Gaspar.