Autarcas pediram reabertura de fronteiras mas ministro não acede a criar novos pontos de passagem no distrito de Bragança

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Qua, 17/02/2021 - 10:07


Apenas dois novos pontos de entrada foram autorizados, mas nenhum no distrito.

Vários autarcas de concelhos raianos, de Norte a Sul do país, pediram ao ministro da Administração Interna uma revisão do controlo das fronteiras. Querem que sejam reabertas ou, pelo menos, assegurada uma passagem por município. No Nordeste Transmontano, assinaram a carta com estas reivindicações, enviada a Eduardo Cabrita, os autarcas de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, ou seja, todos os concelhos raianos no distrito. A declaração conjunta entre os municípios fronteiriços foi uma forma de mostrar o desagrado com esta medida do Ministério da Administração Interna, tomada “sem ouvir os autarcas”. No entanto, no dia 12 a tutela divulgou que foi decidido apenas acrescentar dois novos Pontos de Passagem Autorizados (PPA), em Melgaço e Montalegre. O presidente da Câmara Munipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, pretendia que no concelho a fronteira pudesse estar aberta pelo menos durante alguns períodos do dia. “Não é a fronteira aberta que traz mais casos de covid, até porque a própria circulação já está muito condicionada nos dois lados da fronteira. O ministro justifica com a necessidade de conter a pandemia, percebemos isso, mas não era por aí. Até porque quem quiser entrar no país, por exemplo os nossos emigrantes, vão poder fazê-lo por Miranda do Douro ou por Quintanilha”, salientou Jorge Fidalgo. O autarca propôs mesmo que o município prestasse apoio logístico às autoridades para controlar a fronteira em Vimioso. A presidente de Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas, defende que as fronteiras sejam reabertas, por entender que não se justifica que as pessoas que precisam de se deslocar entre os dois países tenham de percorrer centenas de quilómetros a mais. No caso dos habitantes de Freixo, têm de usar o ponto de passagem de Vilar Formoso ou o de Miranda do Douro. “Não se justifica que as fronteiras estejam fechadas. O nosso país está confinado, Espanha também, as pessoas que precisam de atravessar a fronteira são aquelas que trabalham ou de lado ou do outro e ficam impossibilitadas de passar e têm que fazer quilómetros e quilómetros”, afirmou Maria do Céu Quintas. Apesar de no concelho de Bragança haver um ponto de passagem autorizado aberto em permanência em Quintanilha, o presidente da Câmara, Hernâni Dias, também assinou esta carta, por entender que é necessário que o encerramento das fronteiras seja revisto. “Evidentemente que esta restrição de passagem provoca muitos constrangimentos e houve o entendimento de fazer uma reivindicação junto do Governo, para que houvesse uma atitude diferente relativamente a este assunto, facilitando algumas situações de passagem”, disse Hernâni Dias. Miranda do Douro também é um ponto de passagem no distrito, mas com horário específico, duas horas de manhã e duas à tarde nos dias úteis. O presidente da Câmara, Artur Nunes, considera que o tempo não é suficiente e é preciso alargar o horário. “Duas horas é muito pouco, porque aquilo que temos verificado é que, por exemplo, do lado espanhol temos filas enormes à espera das 18 horas para poder passar para Portugal. Isso significa que deveria ser também alargado esse horário de passagem”, reivindicou Artur Nunes. Aqui houve um reajustamento de horário, mas não alargamento, sendo agora permitida a passagem das 7 às 9 horas e das 17 às 19 horas. As fronteiras vão continuar fechadas até 1 de Março. Entre 31 de Janeiro e 11 de Fevereiro, foram controlados 5006 cidadão no PPA de Quintanilha, Bragança, 450 no de Miranda do Douro e 9 em Rio de Onor. Em todo o país 901 pessoas foram impedidas de atravessar a fronteira, nomeadamente 23 em Quintanilha e 7 em Miranda do Douro.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro