Ter, 07/12/2021 - 09:15
Noticiámos, esta semana, que um dos programas do Governo para captar pessoas para viver no Interior não teve nenhuma adesão. O programa chamava-se “Chave na Mão”, que ficou mais “sem mão”.
Perguntam-se porque não teve nem uma inscrição? Será que realmente ninguém quer viver aqui?
O Primeiro-Ministro, António Costa, mete as culpas a quem? À pandemia, logicamente. Isto porque, foi lançado Abril de 2020. Mas, a pandemia e o confinamento foram até uma oportunidade, visto que, por exemplo, num programa autárquico de Bragança resultou muito bem. O teletrabalho até facilitou essa deslocalização das pessoas dos grandes centros para o Interior. A secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, diz que “foi mal desenhado” e que “é preciso pensar novas medidas”.
Mas, então onde está o problema neste programa? Vejamos, na prática, o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) pagava uma renda pela casa a quem se mude do Litoral para um dos 165 concelhos de baixa densidade do continente e subarrenda-a no programa de arrendamento acessível. Então, mas alguém que se queira mudar do Porto ou de Lisboa tem dificuldade em arrendar a casa de lá? Terá alguma necessidade de integrar o arrendamento acessível? Quer vir, arrenda essa casa nesse mesmo mês ao preço de mercado, paga aqui a renda ainda lhe sobra dinheiro.
Que raio de coisa sem lógica esta. Estas medidas não fazem mais do que desacreditar qualquer outra tentativa séria de apostar no Interior. E só se pode justificar pela urgência de disparar medidas avulsas para mostrar serviço, sem a mínima intenção de servir a quem quer que seja.
Uma última nota para a nomeação de D. José Cordeiro para arcebispo de Braga. Assumiu a diocese de Bragança - Miranda há uma década, tendo sido o bispo mais jovem do país. A expectativa era muita para, o que muitos dizem ser, uma das dioceses mais “difíceis do país”.
Difícil porquê? Porque é uma diocese do Interior, com poucos padres, uma dívida enorme e com uma população altamente envelhecida.
Qual o balanço? Dívida da Catedral de Bragança saldada. Foi remar contra a maré a tentativa de reorganização da diocese, com tantas dificuldades em chegar a tanta comunidade paroquial. A missão era a reaproximação dos fiéis à igreja, o que se veio mostrar um desafio que ainda está e estará em curso, ficará certamente para o próximo bispo dar continuidade.
A gestão do património da diocese que continua a levantar preocupações quanto à sua manutenção, excepção, por exemplo do seminário de Vinhais, em que a autarquia deu uma mão. Fica também o peso da dívida da Fundação Mensageiro de Bragança. Trabalho árduo para o seu sucessor, portanto.
Cátia Barreira