Num dos meus últimos artigos de opinião que este prestigioso semanário tem generosamente acolhido e levado aos seus leitores, dei conta da relevância para o país da tão badalada descentralização que ora anda na boca dos palradores da política e até sem exagero, da generalidade dos portugueses.
De facto, se há palavra ou assunto que mais se discute nos corredores da política e nas colunas dos “media”, ele é sem dúvida a descentralização, medida sem a qual a regionalização que a Constituição da República Portuguesa, CRP, prevê, nunca terá concretização!
Descentralizar é melhorar! É procurar obter a mais rápida e eficaz solução para os problemas que são da região e por isso nos estão próximos!
É uma velha medida já protagonizada a meados do século XIX por Alexandre Herculano que não se cansava de proclamar a necessidade urgente de “ o país ser governado pelo país”.
Era uma forma inteligente e legitima de chamar os cidadãos à participação política e decisão responsável dos seus próprios problemas.
Uma medida acertada e respeitável de combater ou pelo menos suavizar o velho e incómodo centralismo que tudo concentrava no Terreiro do Paço, esquecendo e desrespeitando a organização municipalista portuguesa que tão boas provas havia dado ao longo da nossa história.
Descentralizar é também desconcentrar a organização do poder!
É colocar nas estruturas municipais, judiciais, escolares, sociais e culturais aqueles corajosos que residem e resistem nas regiões e vivem entusiasmados os seus próprios problemas.
Infelizmente não é isso a que assistimos e acontece neste velho Portugal dos compadrios e interesses ocultos, onde o pedido e o favor ainda resistem de forma camuflada e engenhosa ao valor pessoal, dedicação e percurso profissional.
Não nos ocorre que entre as muitas medidas recentemente propostas pelas comissões de ilustres que agora descobriram o interesse de lutar contar a agonia da interioridade, alguém defenda como critério de avaliação, a pertença ao lugar ou as brilhantes iniciativas em prol da divulgação e dinâmica da região.
O nocivo partidarismo político e o proteccionismo despudorado e injusto, instituídos de forma habilidosa, mascarada e aparentemente legal continuam a dar frutos medíocres e sem qualidade.
O que é pena e só traz prejuízos!