Foi apresentado o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais para o distrito de Bragança
ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES
Se já é Assinante, faça o seu Login
INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL
Qui, 04/05/2017 - 11:34
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 11:34
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 11:30
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 11:05
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 11:03
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 10:59
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 10:54
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 04/05/2017 - 10:33
No dia 9 de Maio de 1554, em Lisboa, perante o inquisidor Pedro Álvares Paredes apresentou-se o padre Bastião de Sousa, cristão-novo, de Mirandela e disse que em 15 de agosto do ano anterior, estando em casa de João Rodrigues, seu irmão, em Torre de Moncorvo, ali chegaram o reitor e irmãos da Misericórdia a fazer um peditório. Para além do padre e dos donos da casa, estava a madrasta de sua cunhada, segunda mulher de Vasco Pires, chamada Francisca Fernandes. E indo-se os do peditório, Francisca começou a murmurar, dizendo que “por clérigos e frades se havia de perder o mundo”. Repreendida pelo padre Bastião, acrescentaria outros ditos menos ortodoxos em relação à doutrina cristã, com o padre a ameaçar que era sua obrigação denunciá-la na inquisição.
Óbvio que João Rodrigues não gostou da conversa e menos das ameaças do irmão padre, a quem repreendeu, dizendo-lhe que assim “os cristãos-novos o aborreciam e fugiam dele e lhe queriam mal”. Respondeu que “por isso se fizera sacerdote e se apartara de seu pai e deixara sua fazenda e se apartaria também dele”.
Bastião cumpriu a ameaça metendo-se a caminho de Lisboa onde denunciou Francisca, que foi presa e levada para a inquisição de Lisboa onde foi seria entregue em 20 de Abril de 1556 e logo viria a falecer, possivelmente de parto, tendo sobrevivido o menino. (1)
Gabriel Pires era outro dos enteados de Francisca, também filho de Vasco Pires e da sua primeira mulher. Em Julho daquele ano de 1556, contando uns 20 anos, encontrava-se preso na cadeia de T. Moncorvo, por ordem do juiz ordinário. Na cadeia teve 3 companheiros bem esquisitos, que vamos apresentar:
Diogo Maçulo que fora cura da igreja de Vila Flor e se tornara fiel servidor do comissário local da inquisição, vigário geral da Torre de Moncorvo, Aleixo Falcão.
Amador Rodrigues, que fora pároco na freguesia de Bruçó.
António Rodrigues que foi preso por rezar missa e se fazer passar por padre, sendo homem casado e leigo.
Naturalmente revoltado por se ver preso, Gabriel foi deixando escapar frases e informações muito comprometedoras, que aqueles transmitiram ao vigário geral que logo se meteu a organizar um processo, registando as seguintes culpas de judaísmo:
- Disse que quando dali saísse havia de ser pior do que Judas.
- Que quando prenderam a sua madrasta, o seu pai com 200 cruzados podia ter arranjado quem saltasse ao caminho e fazê-la soltar.
- Que ele era casado com duas mulheres: uma em Ceuta e outra em Torre de Moncorvo.
Não vamos seguir os passos de Gabriel para a inquisição e sua estadia nas masmorras de Lisboa. Diremos que conseguiu defender-se muito bem e saiu absolvido em 2.10.1557. (2)
Imaginamos Vasco Pires com a vida suspensa, receoso de ser também preso, como a mulher e o filho. E imaginamos também como alguns de seus inimigos ansiariam de o ver encarcerado, especialmente aqueles que lhe eram devedores. Terá sido o caso de um tal Gonçalo Anes Carrazedo e seu filho João Afonso, cristão-velho, natural de Cabeça Boa e morador no Seixo de Ansiães?
Facto é que, em 16.11.1558, estando o vigário geral de Torre de Moncorvo, Pedro Fernandes Lima, em visitação na vila de Ansiães, na românica igreja de S. João, ali se apresentou João Afonso e prestou o depoimento seguinte:
- Haverá 12 anos, ao tempo que os cristãos-novos andavam alevantados para se irem do reino, com medo da inquisição, estando ele pisando linho canimo à Foz do Sabor, que era do pai dele testemunha, que o dava (em pagamento de dívidas) a Vasco Pires (…) e estando assim pisando o dito linho, dissera o dito Vasco Pires a ele testemunha: -“Coitados de vós outros que andais cegos e credes que Nª Senhora ficou virgem depois do parto; como podia parir uma mulher sem dormir com homem?”
E esta denúncia bastaria para o comissário da inquisição, vigário geral de T. Moncorvo dar início ao processo inquisitorial contra Vasco Pires que, em 8.3.1560, “às portas da cadeia da dita vila” fez uma escritura nomeando seu procurador ao licenciado Francisco Fernandes para o representar na audição das testemunhas de acusação, como era de norma até então. Contudo, autuada aquela procuração, os inquisidores haveriam de escrever, na margem da folha do processo: (3)
- Bem escusado porque não houvera de ver jurar as testemunhas.
Significa isto uma mudança nos estilos da inquisição, mudança que seria implementada gradualmente, passando as testemunhas a ser “fechadas e calados os nomes”, nos termos do regimento de 1552.
Não seria difícil a Vasco Pires adivinhar quem o denunciou. E sendo chamado a Lisboa para confirmar o seu testemunho, logo na primeira audiência, se retratou, confessando:
- O que disse na dita denunciação era falso e mentira e o revoga, porque nenhuma das coisas sobreditas nem outra coisa assim ouviu dizer (…) seu pai Gonçalo Anes, lavrador, já defunto (…) disse a ele que fosse dizer do sobredito o que dele disse em seu testemunho, por estar mal com ele, por causa de certo dinheiro que dizia o dito Vasco Pires que seu pai lhe havia de dar em linho ou o mesmo dinheiro… (4)
Começava a esvaziar-se o processo instaurado a Vasco Pires, já que os outros “crimes” que lhe imputavam eram menos graves e deficientemente sustentados. E mais uma vez fica a ideia de que o vigário geral nomeado pelo arcebispo / inquisidor Baltasar Limpo era mais justiceiro do que “pastor da igreja”. Aconteceu que neste intervalo, a Mitra de Braga mudou para a cabeça de D. Frei Bartolomeu dos Mártires que logo nomeou para vigário geral de T. Moncorvo o licenciado Sebastião Veloso. (5)
Embora a principal testemunha se revogasse, o processo continuou e… Vasco Pires acabou por confessar que durante 15 ou 16 anos andara errado na fé, seguindo a lei de Moisés e rezava orações judaicas como fossem:
Ao levantar - Bento tu Adonay que criaste o homem com sua sabedoria…
Ao deitar – Louvem o poder de Adonay que muitas são as suas piedades…
E aqui é importante dizer-se que Vasco Pires foi o primeiro dos cristãos-novos Moncorvenses presos da inquisição a confessar o seu judaísmo. Para além disso, o seu processo tem particular interesse para o estudo da vida quotidiana de Torre de Moncorvo, lutas políticas e questões sociais.
Nota interessante do processo são uns escritos que foram apanhados pelo alcaide dos cárceres na cesta da merenda que lhe era enviada do exterior e que iam metidos dentro da barriga de um peixe cuja cabeça fora cortada e ia crua.
A completar a sua biografia, diremos que ele foi rendeiro da almotaçaria e era homem de tal consideração entre a comunidade cristã de Torre de Moncorvo que o nomearam tesoureiro do dinheiro recolhido para a construção da igreja da Misericórdia.
NOTAS e BIBLIOGRAFIA:
1-ANTT, inq. Lisboa, pº 12 663, de Francisca Fernandes.
2-IDEM, pº 15414, de Gabriel Pires.
3-IDEM, pº 5118, de Vasco Pires.
4-No seguimento daquela revogação, João Afonso ficou preso na inquisição de Lisboa, acusado de “ perturbação e prejuízo e impedimento do santo ofício”. Era um homem verdadeiramente simples e ingénuo, como os próprios inquisidores reconheceram. Mas isso não impediu que ele fosse condenado a 7 anos de degredo nas galés, sendo sentenciado no auto de fé de 16.3.1561, no qual compareceu “descalço, sem barrete e a cabeça descoberta e uma corda de esparto cingida, disciplinando-se publicamente”. – ANTT, inq. Lisboa, pº 12 631, de João Afonso.
5- Meses depois, em 12.2.1562, estando no Concílio de Trento, o arcebispo escrevia ao vigário de Moncorvo dizendo nomeadamente: - Cuida de pôr à frente das paróquias sacerdotes idóneos, porque toda a substância do nosso ofício está em pôr bons médicos nos hospitais de Deus, que são as paróquias (…) Nisto queria que empregasse todo o ímpeto do seu zelo sem frouxo algum, pois o principal mal destes tristes tempos, e foi raiz das outras calamidades, é que as ovelhas de Cristo não têm pastores, senão comedores, como que Cristo não ordenara suas ovelhas senão para fartar os pastores, e não para serem pastadas por eles. Neste negócio, arranque da sua espada e corte por todos os mercenários ou lobos. Cit. ROLO, Fr. Raul de Almeida – Dom Frei bartolomeu dos Mártires por Terras de Moncorvo, in: Brigantia, vol. 1, nº 3, 1981.
Isabel Gordo, investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência, tinha, já há algum tempo, descoberto que as bactérias tinham uma capacidade de adaptação mil vezes superior ao que até então era tida como certa e adequada. Esta situação causou-me uma enorme preocupação pois queria dizer que as bactérias multirresistentes tinham condições para se desenvolverem enquanto se multiplicavam e assinalavam o início da morte dos antibióticos tal qual os conhecemos. Contudo as suas pesquisas recentes vieram descobrir que mau grado essa capacidade, as novas entidades pagam como preço por essa super adaptação, uma dependência do fármaco ao qual ganharam resistência. As mutações que se efetuam para conferirem a resistência acabam por lhes serem prejudiciais na ausência do antibiótico. Para sobreviverem estas adquirem outras mutações compensatórias e isto justifica que apesar da tal adaptabilidade, inicialmente referida, nem todas se desenvolvem com sucesso. O que os novos medicamentos terão de fazer é atacar, modificar, bloquear ou, eventualmente destruir, as proteínas que estão envolvidas no mecanismo compensatório. Diz-nos a investigadora que: “Se conseguirmos bloquear as proteínas agora identificadas talvez possamos matar bactérias multirresistentes, uma vez que estaríamos a eliminar este mecanismo compensatório que favorece o seu crescimento na população.” – E como fazer isso? – é a pergunta que se impõe. “Não sei, isso agora já não é comigo. Agora é com os químicos. Talvez no Instituto Técnico de Química Biológica haja alguém que possa agora pegar nisso e desenvolver um medicamento que use adequadamente as descobertas do meu grupo”
Esta conversa veio, a talho de foice, num encontro casual de corredor a propósito da reação que a divulgação deste tipo de notícias frequentemente provocam. Há várias pessoas que lhe telefonam a oferecerem-se para, voluntariamente, serem cobaias para que a investigadora possa por em prática as descobertas que vai fazendo. “Não é fácil dizer-lhes que eu não chego tão longe e que agora há que esperar que outros colegas peguem nisto e façam algo que possa ser usado em futuros medicamentos. Sentem-se frustrados... mas para que eu possa continuar os meus trabalhos de investigação é necessário que eu páre por aqui, nesta linha”. Presente a também investigadora Karina Xavier confessou que muitas vezes se sentia impelida a continuar para lá do estrito objeto da sua investigação porque, como lhe dizia o marido, se calhar com mais algum esforço poderia aprofundar as experiências e talvez contribuir, quem sabe, para mais facilmente curar doenças ou mesmo salvar vidas. “É verdade que eu própria me sinto muitas vezes empurrada nesse sentido, mas tenho de ter a noção que ao ir por aí estou a trilhar um caminho onde não sou especialista. Haverá alguém o fará melhor que eu que me devo concentrar no que melhor conheço e sei.”
Por um lado é importante divulgar este tipo de desenvolvimentos e descobertas científicas entre outras razões para que seja apresentada a devida justificação dos dinheiros públicos que são, em grande parte, o suporte financeiro desta atividade. Por outro, sem diminuir a importância dos resultados obtidos, é necessário igualmente acautelar o excesso de expetativas que este tipo de notícias acaba por despoletar a quem sofre de doenças de uma qualquer área focada e cuja cura não seja ainda possível.
Situação idêntica se passou recentemente na Fundação Champalimaud após o anúncio de uma metodologia nova e revolucionária no tratamento de alguns tipos de cancro e cujos telefones foram completamente inundados de chamadas de doentes a quem, infelizmente, esta nova terapia não se aplicava.
Sou fervoroso devoto de Nossa Senhora de Fátima, o que significa que acredito que em Fátima se operam verdadeiros milagres.
Acredito mesmo mais em Fátima que em muitos papas ou primeiros-ministros, de qualquer igreja ou governo, incluindo o português.
Por isso, verdadeira mistificação, para mim, é o milagre económico em curso que os pastorinhos da “Geringonça” têm vindo a insinuar no espírito dos portugueses e a que também se converteu o senhor Presidente da República.
Paradoxalmente os maiores críticos e descrentes são os acólitos da própria “Geringonça”, PCP e Bloco de Esquerda, muito embora não deixem de ir à missa de S. Bento, por muito que lhes custe engolir as hóstias ácidas da CEE.
“Geringonça” que ousou reverter, inutilmente, a privatização da TAP mas que se fechou em copas no que toca à EDP e à Telecom, que despudoradamente continuam a explorar milhares de empresas e milhões de famílias, perante o silêncio cúmplice, politicamente falando, do PCP e do BE, a quem apenas parece incomodar os vencimentos obscenos dos administradores.
Pretende agora o primeiro-ministro António Costa fazer-nos crer que a transmutação operada no défice por Mário Centeno teve algo de sobrenatural, o que será bastante para o elevar ao altar do Euro Grupo, pelo que insiste em apear o santo holandês, ao arrepio da cúria de Bruxelas.
Justiça lhe seja feita, porém. Ninguém no mundo acreditava que o défice baixasse e que a economia crescesse, um cêntimo que fosse. Nem Bruxelas, nem o FMI, nem a OCDE, nem as empresas de notação financeira, e muito menos a veneranda senhora Teodora Cardoso, presidente do Conselho Superior de Finanças Públicas, que admitiu, todavia, um cenário de milagre, face ao rosário de sacrifícios e penitências que o governo de Passos Coelho impôs aos portugueses, para resgate dos pecados do governo de Sócrates e de outros que tais.
Mário Centeno, porém, depois do suave milagre do défice e dos rebuçados com que o Governo adoça a boca dos eleitores, já promete a multiplicação dos pães e a transformação da água em vinho, e até a cura da lepra dos impostos e da dívida pública, mesmo sem lançar a rede do investimento.
Quando tal se verificar os portugueses terão razões para acreditar que Mário Centeno é um novo profeta, cujo destino é ir pregar para Pádua, à semelhança dos taumaturgos Barroso e Guterres, sem que daí adviesse algum benefício para Portugal, como era suposto.
Até mais ver, porém, a ténue recuperação da economia portuguesa, sem acréscimo significativo de novas fábricas e empresas, continua a ser ilusória, produto de artes mágicas, com a história a repetir-se mais uma vez: a seguir a uma doença profunda, mal o doente abre os olhos alguém grita vitória, porque importante é ganhar eleições. A cura total e definitiva, essa, vai continuar adiada.
Acima de tudo porque um país que deve a cães e gatos jamais terá credibilidade. Sobretudo quando o país é pobre e pequeno como Portugal.
Mário Centeno poderá ser um guru inesperado ou um mágico de circunstância. Para ser beatificado, porém, terá que fazer prova de mais impactantes milagres.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.