Ter, 16/07/2024 - 12:20
A manchete desta semana traz uma notícia preocupante que afecta profundamente a nossa região, especialmente a Terra Fria. O tempo incerto propício ao fungo da podridão da castanha pode voltar a fazer estragos significativos. Esta situação não é apenas uma questão agrícola, mas um golpe duro para a economia local e o sustento de muitos dos nossos produtores. As oscilações de temperatura e as chuvas fora de época, que têm desafiado o Verão, criaram um ambiente ideal para a proliferação do fungo que causa a podridão da castanha. Na última campanha, estas condições meteorológicas adversas resultaram em perdas devastadoras, com quebras de produção que atingiram 80% no concelho de Vinhais e 40% em Bragança. O fungo, que já está a afectar as castanhas ainda nas árvores, ameaça repetir este cenário catastrófico na actual campanha. Para os produtores, que dedicam as suas vidas à cultura da castanha, estas perdas são insuportáveis. A castanha não é apenas um produto agrícola; é parte integrante da identidade cultural e económica da nossa região. A podridão da castanha representa, portanto, uma crise que ultrapassa os limites dos agricultores e se espalha por toda a comunidade, afectando mercados, tradições e o futuro da cultura. A região transmontana depende fortemente da produção de castanha, que é um dos pilares da sua economia local. Este fruto é responsável por gerar milhares de postos de trabalho, não só nas áreas rurais, onde é cultivado, mas também em sectores como a transformação, comercialização e exportação. Além disso, a castanha é um produto de excelência que leva o nome de Trás-os-Montes além-fronteiras, contribuindo significativamente para as receitas de exportação e para a notoriedade da região no panorama agro-alimentar. Neste contexto, é imperativo que se tomem medidas urgentes e eficazes para combater esta ameaça. A investigação científica é uma arma crucial nesta luta, mas lamentavelmente, os estudos que estão a ser desenvolvidos pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB) enfrentam uma sé- ria falta de financiamento. Apesar dos grandes esforços dos investigadores, todas as candidaturas para financiamento externo foram rejeitadas, obrigando o IPB a utilizar fundos próprios. Este cenário de falta de apoio é inaceitável. As autoridades e entidades financiadoras precisam reconhecer a gravidade da situação e a importância vital da pesquisa. Sem os recursos necessários, será impossível desenvolver estratégias eficazes para combater o fungo e proteger o fruto, conhecido como o “ouro transmontano”. É fundamental que se disponibilizem os meios para que os investigadores possam continuar o seu trabalho e encontrar soluções que salvaguardem a produção de castanha, uma parte essencial do nosso património agrícola e cultural. É necessária uma resposta coordenada que envolva agricultores, cientistas, autoridades locais e nacionais, e entidades financiadoras. Apenas através de um esforço colectivo poder-se-á superar este desafio e garantir a sustentabilidade da produção de castanha na região.