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Bem-vindos à cidade sem alojamentos

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Ter, 12/10/2021 - 09:13


Ainda nem chegou a segunda fase de acesso ao ensino superior e já estão esgotados os alojamentos para os estudantes do Instituto Politécnico em Bragança e Mirandela.
Isto não é um assunto novo. Já no ano passado o jornal Nordeste denunciou essa situação numa reportagem sobre o início do ano lectivo. Deixaram a promessa de construir uma residência de estudantes, num projecto do IPB e Câmara Municipal. 
Este ano a situação repete-se e agora a solução é o tão afamado Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Esse projecto ainda vai ser candidatado a esse fundo e, caso seja aprovado, não estará pronto, pelo menos, antes de 2023. O que é que isto vai trazer? A possibilidade de os estudantes das próximas fases não ficarem aqui, porque na rua não podem ficar com certeza. Alguns estão instalados na pousada da juventude, mas não é, obviamente, uma solução definitiva.
O cenário é agravado, neste ano lectivo, pelo crescimento, já notado, dos estudantes que ingressam no ensino superior, uma vez que o número de candidatos no concurso de acesso foi dos mais elevados de sempre. 
O desenvolvimento de Bragança e Mirandela deve muito aos estudantes, não tenho dúvidas nenhumas. E então qual é o papel que os governos autárquicos têm nesta situação?
As residências universitárias não se constroem de um dia para o outro, mas têm de ser iniciadas rapidamente. Não podem, também, receber todos os estudantes sem alojamento, mas vai ajudar e muito. Além disso, a solução poderá passar por uma política concertada, desde logo com as autarquias, para a dinamização do mercado de arrendamento a custos controlados.
Os municípios têm programas de habitação a rendas acessíveis para pessoas carenciadas e terá de o alargar aos estudantes enquanto a solução das residências estudantis não estiver resolvida. O que não pode acontecer é perder toda a dinâmica económica, cultural e de desenvolvimento que estes trazem para o território. Falamos de desenvolvimento humano e material, não me parece que possamos abdicar disso, ficando inertes face à situação.
Bares, restaurantes e comércio em geral ansiavam muito pelo regresso à normalidade depois das restrições pandémicas e depositam, como é natural, neste nicho de mercado, que são os estudantes, grandes expectativas. Mas, certo será que, mesmo que ingressem no Instituto Politécnico de Bragança nas próximas fases de acesso, se não tiverem um local para viver os estudantes terão de voltar às suas terras e procurar alternativas. E quem vai perder? Nós, evidentemente.
Como pode ler-se na reportagem que faz a capa desta edição todos os alunos entrevistados mostraram grande entusiasmo em estudar aqui, agradecendo também o acolhimento que lhes é dado.
No entanto, devido à escassez de recursos e oportunidades que o Interior dispõe tem de se agarrar todas as oportunidades existentes e aqui não se poderá assobiar para o lado. Todos os decisores devem reunir-se com urgência e encontrar um plano para evitar que percamos a integração de um aluno que seja. 
 

Cátia Barreira