Férias com fé na Senhora da Serra

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Ter, 10/09/2019 - 09:58


Como estão os leitores da página do Tio João?

No passado Domingo, dia 8, festejámos a Natividade de N.ª Sr.ª, tendo-se realizado na nossa região três grandes romarias: N.ª Sr.ª da Serra, no alto da Serra de Nogueira (Bragança), N.ª Sr.ª do Naso, na Póvoa (Miranda do Douro) e N.ª Sr.ª dos Remédios, em Tuizelo (Vinhais).

Desde que me lembro de ser gente, fui cinco anos de novena para a Sr.ª da Serra. Desde os meus cinco anos, com os meus avós, três vezes, uma vez com os meus pais e tios e, em 1991, já como Tio João, estive de novena, mesmo ao lado da igreja, a transmitir o programa em directo todos os dias. Todos os anos, por promessa, o meu avô alugava um carro de praça e no dia oito, lá íamos. As condições de antigamente eram muito diferentes das actuais. O meu avô contava-me que quando começou a ir de novena para a serra ainda eram pavilhões, em que os homens ficavam a um lado e as mulheres do outro. No tempo em que comecei a ir, já havia quartos individuais e luz eléctrica, embora só houvesse casas-de-banho públicas para todos. Actualmente, no santuário mariano da Senhora da Serra existem vários alojamentos familiares, que têm capacidade para alojar cerca de 1200 pessoas.

Antigamente a festa da Sr.ª da Serra realizava-se no dia 5 de Agosto, dia da Sr.ª das Neves, mas devido aos trabalhos agrícolas, passou a realizar-se no dia 8 de Setembro, dia da Natividade de N.ª Sr.ª, e assim se mantem até hoje. Segundo reza a lenda, andava uma menina muda a pastorear o seu rebanho no alto da serra, quando lhe apareceu Nossa Senhora, que lhe pediu para lhe erguerem uma igreja no sítio mais alto da serra. Quando regressou à aldeia de Rebordãos, a pastora muda falou, contando o que N.ª Sr.ª lhe tinha pedido e as pessoas acreditaram nela, porque a ouviram falar pela primeira vez na vida. Como era mais difícil construir uma igreja no sítio mais alto da serra, o povo começou a construí-la no início da subida, só que o trabalho que faziam durante o dia, aparecia desfeito no dia seguinte. Decorria o mês de Agosto quando Nossa Senhora apareceu pela segunda vez à pastorinha, dizendo-lhe que iria marcar com neve o lugar exacto onde queria que a sua igreja fosse construída.

Quem há dez anos consecutivos vai de novena para a Senhora da Serra é o nosso tio Adérito Pinela, de Sacoias (Bragança). Contou-nos que o seu alojamento está equipado com fogão, frigorífico, mesa, cadeiras, cama, etc… e que deixa este mobiliário de uns anos para os outros, pois enquanto pagar tem este lugar garantido.

Muitas pessoas vão às novenas por promessa, mas também as há que marcam férias todos os anos para esta altura, como maneira de aliviar a cabeça no alto da Serra de Nogueira. Durante o festejo o recinto está servido por vários restaurantes, onde pode ser saboreada a famosa vitela assada, um talho e não faltam diariamente as visitas de padeiros, peixeiros e merceeiros, garantido assim que nada falte a quem lá passa a novena. Também é costume ser por estes dias que aparecem à venda na serra as primeiras pavias e a melhor fruta da zona das Arcas (Macedo de Cavaleiros). De 30 de Agosto a 7 de Setembro, às 5 horas da tarde, é tempo de recolhimento, principiando com o terço, seguido da procissão por todo o recinto, fazendo uma paragem na capela de Santa Teresinha e finalizando com a missa na igreja do santuário.

O alto da serra transforma-se quase numa vila, um lugar que, durante o resto do ano, é inóspito devido às condições climatéricas. O tempo frio tem como referência a festa da Sr.ª da Serra.

Neste número também publicámos o texto que o nosso tio Horácio Vaz, de Rio Torto (Valpaços), nos enviou, a propósito do 30.º aniversário da Família do Tio João.

 

 

Estamos em ano de comemoração

do 30.º aniversário da Família do Tio João

Antigamente era assim, famílias que nunca vi, com tantos tios e tias, onde se expressam as tristezas e também muitas alegrias.

Inicia-se logo a rezar, é assim todos os dias, para Deus alegrar e nosso coração com ele falar.

Uns tocam, outros cantam lindas melodias, parecem rouxinóis, também as cotovias que embalam os nossos sonhos, todos os dias.

Passava manhãs inteiras com a rádio numa mão e com o telefone na outra e a família no coração.

Agora é mais fácil, com o Tio João a falar, “linha aberta, linha aberta, agora pode ligar”. Liga quando quiseres, com grande satisfação para a Rádio Brigantia, que tens sempre à mão, deste lado tens um amigo, que é o Tio João é assim uma família, que Deus ajudou a criar, tem quase trinta anos e vamos eternizar.

Todos os dias é um encanto o Tio João escutar, falar com tanta gente, pois a ninguém ele faz mal.

É um programa decente, que renova a nossa mente, se soubermos apreciar, eu fico sempre contente, por saber que muita gente nos está a escutar.

É um programa diferente aquele que muita gente devia escutar, falar o que quer e o que sente, sem ninguém a criticar (é um programa diferente que a nossa vida pode animar).

Horácio Vaz, de Rio Torto (Valpaços)