Os engolidores de sapos e de espadas

PUB.

Contrariamente ao que se possa pensar a expressão “engolir sapos”, cujo significado não me parece que seja necessário explicar, tem origem bíblica, nas pragas do Egipto, muito embora na actualidade assente que nem luva a Jerónimo de Sousa e aos seus apaniguados do PCP, que até já engoliram a emblemática coerência comunista herdada do seu mítico fundador.
Também se aplica, talvez com maior razão até, ao PSD e ao CDS, a dita oposição e, porque não, a muitos ambiciosos caçapos do PS nascidos nos tempos áureos de José Sócrates. Para não falar nos renomados economistas e analistas políticos cujas previsões falharam estrondosamente e que agora andam roídos de inveja.
Já o engolimento de espadas, que é uma profissão como outra qualquer, terá começado na Índia, muitos anos antes de Cristo também, se bem que Catarina Martins e Mariana Mortágua e os fiéis do BE, só muito recentemente se dediquem a esta modalidade política radical.
Existe mesmo uma associação internacional de engolidores de espadas (a Sword Swallowers' Association International), na qual a “geringonça” se poderá matricular uma vez que reúne todos os créditos, designadamente os que lhe são conferidos pelos ministros com competências de faquirismo, em especial dormir em camas de pregos.
O inesperado produtor deste fenomenal espectáculo de engolidores de sapos e de espadas é Mário Centeno, o competentíssimo e afortunado ministro das Finanças português que, com invejável mestria, amaciou as políticas de direita, os gordos sapos domesticados que alegremente o PCP digere, sem pestanejar, para gáudio do seu povo trabalhador privativo.
Mérito menos apreciado publicamente tem o primeiro-ministro António Costa que com frio cinismo afia as espadas que BE e oposição engolem com rufar de tambores e prepara as camas de pregos em que os seus ministros dormem que nem anjinhos.
Tudo isto tem a ver com a economia nacional, um anafado sapo domado pelo encantador Centeno, que quanto mais lhe batem mais incha. Tanto que o bicho corre o risco de estourar de tanto inchar agora que o seu tratador foi promovido a treinador principal do Eurogrupo, embora continue a orientar as finanças lusas, em “part-time”, muito provavelmente aos fins-de-semana.
Mesmo assim, no meu modesto parecer, Mário Centeno poderá ser mais útil ao seu país do que outros políticos de renome, de quem se dizia que seriam uma bênção para Portugal quando foram designados para importantes cargos internacionais, mas depois foi o que se viu.
A Mário Centeno, porém, bastar-lhe-á fazer engolir uma boa meia dúzia de sapinhos aos arrogantes de Bruxelas, ainda que a sua promoção a presidente do Eurogrupo possa ter sido uma punhalada fatal nas costas da “geringonça”. Há sapos e espadas para os quais o PCP e o BE, apesar de tudo, parecem não ter garganta.
Certo é que este espectáculo circense vai continuar na capital do fado com a “geringonça” a evoluir na pista durante alguns meses mais. Tudo leva a crer, porém, que quando António Costa afiou a espada da taxa das renováveis que Mariana Mortágua engoliu espumando de raiva, deu um sinal claro de que já tem planeado o fim da “geringonça” aproveitando a oportunidade de oiro que se lhe oferece para finalmente formar um mítico governo do Bloco Central, tendo o PSD como subalterno e contando com o beneplácito entusiasta do presidente da República.
A menos que, como a OCDE admite e teme, a barraca da economia mundial abane. Se tal acontecer o mais certo é António Costa cair desamparadamente do trapézio, a estrelinha de Mário Centeno apagar-se e, ironia do destino, ser ele o engolido, sem apelo nem agravo. Competência não basta.
Boas Festas!
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Henrique Pedro