A geringonça, o calhambeque e o que a seguir virá

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O conceito “geringonça” está definitivamente consagrado no léxico político português ainda que com uma característica importante modificada, a saber. Nos dicionários clássicos “geringonça” é sinónimo de caranguejola, de engenhoca, de algo de construção improvisada e de curta durabilidade. A geringonça que António Costa apadrinhou, porém, muito embora também tenha sido feita à pressa, de improviso e de mostrar pouca solidez, acabou por durar mais tempo do que muitos supunham. Apesar de não ter sido mantida por maioria absoluta de um só partido, o que é ainda mais surpreendente, mas por uma maioria tripartida e pouco coesa, constituída pelo PS, BE e PCP. O primeiro governo de António Costa, portanto, não passou de um protótipo, de um ovni político, de um aborto democrático, duma desengonçada geringonça. Ao governo actual, porém, não se aplica a ideia de geringonça atrás mencionada. Melhor se lhe ajusta a imagem de calhambeque que os dicionários definem como algo de pouco valor, um automóvel velho, uma carripana, um chaço. Isto porque apesar de se tratar de uma máquina novinha em folha e ser suportada por uma maioria absoluta coesa, já bate válvulas, vielas e chapas por todos os lados e tem expelido o espesso óleo da incompetência e da corrupção por todos os poros. Tanto assim é que no curtíssimo ano e três meses que tem de vida já largou na estrada treze peças importantes, que é como quem diz, ministros e secretários de estado, já só se move aos solavancos, com falhas de motor e ruídos assustadores, sobressaltando o povo e os pássaros. Claro que se acaso este calhambeque fosse à vistoria o mais certo seria ficar proibido de circular nas estradas nacionais e muito menos nas autoestradas europeias. Mesmo assim, o chauffeur António Costa, depois que a geringonça foi para a sucata, anda encantado a buzinar este seu novo calhambeque. Tanto que até planeará, ao que consta, entrar triunfalmente em Bruxelas ao volante do calhambeque e ao som da conhecida música de Roberto Carlos: o calhambeque, bi, bi, quero buzinar o calhambeque… A menos que, quando menos se espera, o motor do calhambeque expluda ou se despiste numa curva mais apertada. Ou que o cívico Marcelo de Sousa que também muito se tem divertido a buzinar o calhambeque de António Costa, se veja constrangido a mandá-lo encostar definitivamente à box. Claro que o combustível que faz mover, não só este calhambeque, mas igualmente muitos outros “rolls royces “partidários, é uma mistura explosiva de peculato, abuso de poder, utilização indevida de dinheiros públicos, compadrio e nepotismo. É a gasolina do regime político que incendeia a democracia. É a corrupção, numa palavra, que suga o sangue, o suor e os impostos dos portugueses e empurra Portugal para fora da Europa, para a América latina ou mesmo para África. Mistura branqueada e enriquecida, claro está, por uma lei eleitoral viciosa que abastarda o verdadeiro sentir e querer da Nação. Corrupção que António Costa pretendeu tacitamente institucionalizar (não terá sido o primeiro atentar faze-lo ainda que doutra forma), quando declarou publicamente, a propósito de mais um abandono ruidoso de um tripulante do calhambeque, que os portugueses se estão nas tintas para a corrupção, quando as sondagens de opinião dizem clamorosamente o contrário. É por esta e por muitas outras mais que os portugueses não se mostram nada satisfeitos com a cantilena, a poeira e o fumo que o calhambeque de Costa larga por onde passa, apesar das intensas lavagens da sujidade a que é submetido na lavandaria do governo em que o PS transformou a Assembleia da República. Certo é que o calhambeque lá se vai movendo com os empurrões vindos Bruxelas e de alguns indicadores macroeconómicos circunstanciais. Disso tem António Costa consciência pelo que já não ousa meter o calhambeque em grandes corridas. Quanto ao que virá a seguir já ninguém se atreve a augurar. Mas poderá mesmo ser, longe vá o agoiro, a carreta funerária da Democracia e do Estado, puxada pelo povo, claro está, sob o chicote de um qualquer salvador da pátria. E a quem, sobretudo, mas não só, José Sócrates, António Costa e outros compinchas e afins de diferentes cores e feitios e que seria exaustivo aqui enumerar, têm vindo paulatinamente a franquear as portas. Gente que não presta, que é o rosto do Regime, mas que os portugueses não merecem. É o que é!

Henrique Pedro