Estado de direito ou santuário do crime?

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Notícias como as que dizem respeito à RARÍSSIMAS – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, são recorrentes e vulgaríssimas. O que nos leva a justamente admitir que a maioria dos factos que as originam são verdadeiros e graves, ainda que as condenações em tribunal sejam raríssimas. É o regime político vigente que cada vez mais se compromete e transfigura numa democracia libertina que mais parece um santuário do crime que um estado de direito.
O chorrilho de escândalos de toda a espécie envolvendo governantes, amigos, afilhados, cães e gatos de partidos, parece não ter fim. Os factos referentes à célebre operação Marquês expostos recentemente pelo Ministério Público, para não citar outros de igual calibre, serão tão só a ponta do iceberg. Somos constrangidos a concluir, portanto, que o Estado português é altamente vulnerável ao assalto por gente da pior espécie: ladrões, aldrabões, farsantes.
Lamentavelmente, como a Raríssimas bem o demonstra, muitas IPSS, para lá dos serviços que bem ou mal prestam aos infelizes utentes, existem sobretudo para promover a imagem pública de destacadas “socialites”. Caridade interesseira, é o que é!
Não quero com isto dizer que não há pessoas íntegras e verdadeiras a servir o Estado, designadamente políticos. Acredito que os há e que não serão tão raros quanto se diz. Conheço alguns a quem tiro o meu chapéu. Deixemo-nos de facciosimos, de uma vez por todas, portanto.
A corrupção não tem pátria, nem raça, nem ideologia e muito menos partido. Mas tem rostos ainda que muitos se sujeitem a operações plásticas. É gente de todos os credos e religiões. Gente que acredita ou não, na vida depois da morte, no inferno seguramente não, mas que é capaz de todas a virtudes para alcançar o céu das vaidades terrenas, dos carros topos de gama, dos almoços e jantares pagos com dinheiros públicos, da fama e da glória seja ela qual for. É gente que, acima de tudo, está convencida que continuará impune, nesta vida ou em mais que houver.
A situação que presentemente se vive em Portugal é sobretudo chocante porque o Governo e os partidos que o apoiam se dizem de esquerda mas sistematicamente calam, consentem e apadrinham estas desgraças.
Partidos que têm demonstrado ser abertamente contrários e incompetentes para fazer as reformas indispensáveis a pôr cobro a tamanha degradação da democracia. Partidos que, antes pelo contrário, optam por iludir o povo com tiradas demagógicas e populistas e atemorizar os incautos com o imaginário inferno da direita a quem responsabilizam por tudo, inclusive pelas suas próprias contradições. 
São a Geringonça solidária no seu pior, sempre pronta a apaga todos os fogos, não só os florestais, com palavras inflamadas e lágrimas de crocodilo. Eles são os verdadeiros garantes do Regime
Os portugueses exigem mais do que as migalhas que caiem da mesa do Orçamento de Estado. Exigem verdade, justiça e transparência. Reformas políticas, em duas palavras!
 
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.
Henrique Pedro