Tradições em miniatura

PUB.

Ter, 13/12/2005 - 15:03


Criar objectos decorativos a partir de um pedaço de madeira ou de pedra é a paixão de Teófilo Afonso, um artesão transmontano que criou grande parte da sua obra durante os 30 anos de emigração em França.

De regresso ao seu País, nomeadamente à aldeia natal de Quintanilha, este artesão transmontano já realizou várias exposições. A mais recente mostra de “arte popular” encontra-se patente ao público no Museu Etnográfico Dr. Belarmino Afonso, em Bragança, até final do mês.
Os objectos tradicionais da lavoura são a principal fonte de inspiração de Teófilo Afonso para criar as suas obras de arte. Carretas antigas, a prensa para espremer o bagaço, arados, enxadas e as tradicionais canecas são algumas das miniaturas criadas pelo artesão.
“Percebi desde cedo que tinha jeito para fazer trabalhos decorativos e objectos para a casa. Costumo criar aquilo que os olhos vêem. Levo a imagem na cabeça e depois faço os objectos em pedra ou em madeira”, salienta este artista transmontano.

Artesão imortaliza
utensílios agrícolas

Enquanto trabalhava, Teófilo Afonso tinha sempre presente a veia artística. As raízes, os ramos e troncos de árvores e arbustos encontrados na natureza inspiravam o criador de “arte popular” a fazer uma peça artesanal.
“Tenho castiçais feitos de um olmo que secou. Também fiz um ninho de cobras e uma cobra, com mais de quatro metros, a partir de raízes encontradas nos jardins e nos montes”, acrescenta Teófilo Afonso.
Os trabalhos manuais ocupam os tempos livres deste habitante de Quintanilha que, desde que regressou de França, há cinco anos, continua a dar seguimento à sua “paixão”.
“Actualmente tenho pouco tempo, porque também me dedico à agricultura, que é outra das minhas paixões. Mas sempre que posso ou encontro um pedaço de madeira ou de pedra, crio um objecto”, realça este artesão.
Na óptica de Teófilo Afonso, todas as peças têm uma história, pelo que considera “únicas” as 36 peças artesanais que criou até hoje.
Entre as diversas peças expostas no Museu Etnográfico, o ex-emigrante destaca as particularidades do busto que criou para si próprio “a pensar nos seus 14 anos”, que se encontra exposto numa raiz de uma árvore denominada “Macieira do Amor”.