Montenegro promete estudo para aprofundar corredor Porto-Madrid via Trás-os-Montes

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Ter, 29/10/2024 - 11:39


Portugal e Espanha alinham-se na ferrovia: garantia foi deixada pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, na Cimeira Luso-Espanhola

Está em “estudo” para poder ser aprofundada, nos próximos anos, a ligação ferroviária que poderá ligar o Porto e Bragança e que seguirá para Espanha. A garantia é do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro. A proposta de ligação ferroviária Porto – Vila Real – Bragança – Zamora à rede europeia de alta velocidade em Madrid, apresentada pela Associação Vale d’Ouro, foi excluída do Plano Ferroviário Nacional e da Rede Transeuropeia de Transportes mas, agora, a ligação integrou o texto das conclusões de uma cimeira ibérica. A ferrovia foi uma das matérias que esteve em cima da mesa na XXXV Cimeira Luso-Espanhola, na semana passada. “A prioridade do Governo português é a ligação Lisboa – Porto – Vigo – Madrid. Já adjudicámos o primeiro troço desta ligação e queremos até antecipar o calendário na medida do possível. A segunda prioridade é a ligação Lisboa – Porto – Vigo – Madrid, de Madrid via Évora – Badajoz. Há um primeiro troço que já está no terreno e há a necessidade agora de conciliar a terceira travessia sobre o Rio Tejo, em Lisboa. E depois há três outras ligações ferroviárias que estamos a vislumbrar para o futuro: a operabilidade entre a ligação de Aveiro e Salamanca e, depois, duas que estão em estudo, para poderem ser aprofundadas nos próximos anos, a ligação de Faro – Huelva – Sevilha e a ligação de Porto – Bragança – Zamora”, rematou Luís Montenegro, que disse ainda que os dois governos estão a “trabalhar”, em “consonância”, para tentar “conjugar os calendários de obra, de uma e de outra ligação, para se poderem executar no mais curto espaço de tempo”. A proposta de uma ligação ferroviária entre o Porto e Madrid, passando por Vila Real, Bragança e Zamora, foi apresentada em 2021, pela Associação Vale d’Ouro, mostrando que o corredor tinha viabilidade técnica, sendo que até ali era considerado impossível. O anúncio do estudo por parte de Luís Montenegro não podia ter agradado mais ao presidente da associação, Luís Almeida. A apresentação da proposta na cimeira “é uma vantagem, uma grande vitória para a democracia”. “Por outro lado, e de um ponto de vista mais técnico, ficou provado que a ferrovia não é um tema tabu entre Portugal e Espanha. Durante alguns anos, foi discutido, várias vezes, que este assunto não estava na agenda da secretaria ibérica, porque do lado espanhol não havia vontade em discutir ligações ferroviárias, para lá daquelas que já vinham da cimeira de Figueira da Foz, em 2003, mas agora ficou provado que afinal não é assim porque o Governo espanhol não mudou, a única coisa que mudou foi o Governo português”, assinalou. O traçado apresentado pela associação não significa que seja o “único” possível, ou seja, há variantes, que foram estudadas mas não apresentadas, que podem ser corrigida, mas uma coisa é certa, continua a defender-se uma linha mista, de transporte de pessoas e mercadorias, pois só dessa forma se atingirá a “viabilidade necessária para que possa ser um investimento interessante para o país”, com um “regime de velocidades que possa chegar aos 250 km/h”. Em termos de calendário, o Primeiro-Ministro falou em 2032. Os próximos passos passam por estudar toda a análise económica e custo-benefício. “Estou convencido de que vão avançar muito rapidamente”, disse ainda Luís Almeida. Bragança deixou de ter ligação ferroviária, quando no final do ano de 1991, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses encerrou a ligação Bragança-Mirandela. No ano seguinte, foram mesmo tiradas as locomotivas e desde aí que o comboio nunca mais voltou a apitar na capital do nordeste transmontano. “Medidas pouco acertadas”, que fizeram perder “anos e anos” à região, segundo o presidente da Câmara Municipal de Bragança, que vê agora as declarações do Primeiro-Ministro como um “compromisso sério de desenvolvimento do país, especialmente nas regiões do interior”, acreditando que medidas como estas promovem a “inclusão” e o “crescimento sustentável”. Ainda assim, Paulo Xavier tem “consciência” que a concretização da ligação “não é para amanhã”. “Se no espaço temporal de 10 ou 12 anos fosse uma realidade, acho que o território podia bater palmas”, vincou, acrescentando que há “força, capacidade e vontade” deste Governo poder “trilhar este caminho”. A XXXV Cimeira Luso-Espanhola decorreu, na quarta- -feira da semana passada, em Faro.

Jornalista: 
Carina Alves