Gaitas de foles: uma tradição a manter

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Ter, 13/12/2005 - 15:02


O Conservatório de Música de Bragança foi palco, no passado sábado, duma iniciativa subordinada ao tema “Sons da Tradição: Gaitas de Foles, Saberes e Fazeres”.

A acção visa realçar as semelhanças e diferenças dos sons tradicionais das regiões fronteiriças.
No âmbito do projecto Territórios Ibéricos, desenvolvido pela Delegação Regional da Cultura do Norte em parceria com a Junta de Castilla y Léon, diversas iniciativas têm sido desenvolvidas nas áreas da música, teatro, literatura e arte, com o objectivo de aproximar populações fronteiriças e, simultaneamente, dinamizar culturalmente as regiões abrangidas.
A delegada Regional da Cultura o Norte, Helena Gil, sublinha que “o evento pretende trazer ao dia de hoje uma tradição que, se não for cultivada, corre o risco de se perder”. O projecto que termina agora, após dois anos de actividade, teve como principais linhas a ajuda e cooperação entre as regiões fronteiriças ibéricas. “O nosso relacionamento com Castilla y Léon foi impecável. Correu da melhor maneira possível e, só por isso, este projecto já valeu a pena”, avança Helena Gil.

Pastores gaiteiros

Viajando um pouco no tempo, ficou-se a saber que as gaitas de foles tradicionais eram feitas com os materiais “que tinham à mão”, como elucida o director do Centro de Música Tradicional Sons da Terra, Mário Correia, um dos conferencistas presentes na acção.
As madeiras eram encontradas pelos pastores, os verdadeiros gaiteiros, quando levavam o rebanho para os pastos. Já o fole das gaitas era, na maior parte das vezes, a pele de cabritos, que depois de sujeita a tratamentos específicos era executada pelas habilidosas mãos dos pastores.
Ainda que o instrumento seja composto por apenas um fole, a denominação é no plural, pois “o gaiteiro, para tocar, precisa de usar o fole do instrumento e o seu próprio diafragma, daí chamar-se gaita-de-foles”, explicou Mário Correia.