Amendoeiras turísticas

Se assim não for, o cartaz das Amendoeiras em Flor continuará a correr perigo, penalizando restaurantes e unidades de alojamento de toda a região do Douro Superior.
Ano após ano, as Câmaras Municipais de Mogadouro, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Vila Nova de Foz Côa investem largos milhares de euros na promoção deste ex-libris transmontano. O apelo das amendoeiras em flor arrasta excursões de autocarro, mas a verdade é que os tons brancos e rosa estão cada vez menos presentes nos campos e encostas da região.
Ao longo dos últimos anos, os agricultores foram abandonando o amendoal, num gesto de rendição ao peso da idade e à concorrência da amêndoa espanhola ou americana. E, se cada vez há menos agricultores interessados na plantação de amendoeiras, só existe uma solução para segurar os turistas a este cartaz: plantar amendoal “para inglês ver”. Não é nada que não se faça em França ou que já não tenha sido defendido pelo ex-deputado socialista ao Parlamento Europeu, António Campos, especialista em questões agrícolas.
A medida anunciada pelo edil de Freixo vai neste sentido. Agora, resta saber se os agricultores do concelho estarão na disposição de ceder as suas terras em prol da promoção turística. Se os homens da lavoura entrarem numa lógica do “não faz nem deixa fazer”, dificilmente a autarquia conseguirá pintar o município de branco/rosa.
Mas, se tiverem em conta que, ao arrendarem as suas terras gratuitamente à Câmara Municipal, livrarão os terrenos do mato e ainda contribuirão para o desenvolvimento turístico de Freixo, talvez as medidas de José Santos tenham pernas para andar.
A bola está, por isso, do lado, dos agricultores, pois a autarquia demonstra vontade para salvar um cartaz turístico que corre riscos a cada ano que passa.