Tocava a banda no coreto...

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Ter, 26/07/2016 - 09:49


Nesta edição vamos relembrar os coretos da nossa região, onde ainda há muitos em perfeito estado de conservação e que são utilizados com frequência. Inclusivamente, há localidades que têm dois coretos, como é o caso de Rio Torto (Valpaços) e Felgar (Torre de Moncorvo). Esta última ainda mantém a sua banda de música.
Os coretos, regra geral, são obras de arte concebidas em função da música. Marcam especialmente uma época em que não existiam emissões radiofónicas de música. Por conseguinte, as bandas filarmónicas e fanfárras faziam ouvir as suas obras musicais e repertórios nos coretos, localizados em praças ou jardins públicos.
A palavra “coreto” – aquele estrado coberto situado no meio das aldeias e cidades – pode vir do grego “khorus” e do latim “choru” que significam “dança”. Mas também pode ter raízes na expressão italiana “coretto”, mais ligada ao conceito de quiosque”. Chegou a Portugal com o liberalismo que, em 1820, veio instalar a Monarquia Constitucional: tinha inspiração nos jardins franceses, eles que já tinham sido erguidos com base nos jardins ingleses. Os coretos vieram permitir que o povo tivesse acesso à arte e à cultura de forma gratuita.
Alguns eram fixos, outros eram montados em dias de arraial. Mas muitos foram e são os palcos das celebrações típicas das aldeias, vilas e cidades portuguesas.
O Felgar ainda mantém dois coretos em ativo. A sua construção é de 1876, data da construção da capela pelo comendador Francisco António Pires em honra da Nossa Senhora do Amparo. Quando vinha de férias do Brasil, no alto mar, houve uma grande tempestade. Todos entraram em pânico e o comendador prometeu à Senhora do Amparo erguer-lhe uma capela se chegasse são e salvo à sua terra. O mar acalmou e o comendador cumpriu a sua promessa. Construiu-se o santuário, com os dois coretos e também um bazar, mas com o decorrer do tempo o bazar foi retirado e hoje em dia os coretos continuam ativos para as bandas filarmónicas atuarem.