Ter, 09/11/2021 - 09:30
Estamos nas férias dos picos, isso é o que muita gente lhe chama, porque tiram férias para ir à procura das castanhas nos ouriços, como é o caso do tio Luís Correia, que guarda as suas férias para vir apanhar a sua castanha na aldeia de Mós, Bragança.
Agora os soutos são o ginásio do povo. Se repararmos nos castanheiros seculares de alguns soutos da nossa zona, facilmente percebemos que a produção de castanha já tem alguns séculos nesta região do país.
Antigamente era usada para a alimentação dos animais, descascada para não cortar a boca aos porcos, triturada com as socas de brochas dentro de um balde para dar às galinhas e também era alimento das pessoas, que a comiam em substituição da batata, sendo considerada comida de pobre. Quem diria que agora é rainha no bolso!
Expressões como: “Agora com apanha da castanha ando com os quartos desconjuntados”; “fazem doer muito as costas, mas este ano vale a pena”, ou ainda “a melhor parte da castanha é quando se mete ao bolso”, a castanha faz-me doer os “atafais”, são ouvidas diariamente no nosso programa. Segundo o tio Luís Afonso, de Bragança, os quilos que se perdem agora com a ginástica feita na apanha da castanha, são recuperados mais tarde com o fumeiro.
“A castanha tem uma manha: vai com quem a apanha”. Todos os anos se tem ouvido falar de roubos de castanha já ensacada.
Há várias maneiras de apanhar castanha. A nossa tia Angelina, de Dine (Vinhais), apanha-as de joelhos, com umas câmaras-de-ar a servirem de almofadas. Há quem esteja durante algum tempo sempre na mesma posição. Também há outros que se baixam e levantam várias vezes. Uma coisa é certa, nesta altura não há reformados, inválidos ou de baixa que não deitem uma mãozinha para ajudar à apanha. A maquinaria moderna também veio facilitar muito o trabalho e já é utilizada por muita gente, pois os sopradores juntam-nas num cordão, para serem apanhadas mais facilmente.
Nestes últimos dias estiveram de parabéns; Marcelino Félix(87) Sobreiró de Baixo (Vinhais); Maria Correia (72) São Pedro Velho (Mirandela); Mercília Silva(64) Samardã (Vila Real) Justina Machado (61) Vila Franca (Bragança); Manuel da Costa (53) Parada (Bragança); Maria do Céu Tomeno (53) Bragança); António Medeiros (51) Nuzedo de Baixo (Vinhais); Sónia dos Santos (44) Samil (Bragança); Hermenegildo Costa (24) Bragança); Bruno Silva (22) Bragança; Jéssica Fidalgo (13) Paradinha de Outeiro (Bragança); Henrique Pires (8) Rio Frio (Bragança);Tomás Costa (6) Esturãos (Valpaços). Que para o ano voltem a festejar o seu aniversário connosco!
Nesta altura do ano brindamos sempre a nossa família com o magustão. Desde 2013 que este evento faz justiça ao nome, pois a castanha é assada no maior assador de castanhas do mundo.
Devido à pandemia, já há dois anos que este evento não se realizava, e este ainda com algumas restrições. Os abraços e os beijinhos foram substituídos por olhares, acenos e o uso da máscara. Este ano mais surpreendido fiquei, pois mesmo com estas condições muitos foram os quiseram estar presentes, apesar do medo que ainda se sente do vírus. Na Rural Castanea há sempre a nossa tarde recreativa, este ano contámos com a presença do grupo de concertinas Chama Musical, as concertinas Brigantinas, o organista e acordeonista Francisco Cubo, juntamente com outros artistas do povo.
A meio da festa realizaram-se os concursos “o comilão de castanhas”, o maior número de castanhas comidas num minuto. Este ano este concurso esteve renhido, pois dois participantes comeram 15 castanhas e fizeram o desempate numa segunda ronda, o vencedor foi José Alberto de Vinhais, o segundo classificado Mikael Cubo, de Caravela, Bragança com 15. No concurso “os apanhadores de castanhas”, com o maior número de castanhas apanhadas num minuto, os vencedores foram: José Luís Nunes, Zoio, Bragança com 63, em 2º lugar Iracema Alves, de Nunes, Vinhais, com 59. É também bom ver as pessoas à volta do assador, saboreando as castanhas, oferta da organização. A nossa gente junta o útil ao agradável e visita a feira da castanha, comprando alguns dos seus produtos. Este ano tivemos um cheirinho ao São Martinho com a presença do sol, que ajudou à festa.