Qua, 26/04/2017 - 10:15
Olá familiazinha! Hoje quero começar por homenagear o nosso tio Firmino Ginja, de Carção (Vimioso). Era alguém que não sabia ler nem escrever, mas sabia “estreler”, viver e conviver. Era também um filósofo do povo. Tinha uma maneira de cantar única, parece que ainda o estou a ouvir a cantar:
“Oh! macieira do adro, oh! do adro macieira!”.
Cantava-nos também o sofrimento da sua vida em verso. Era do povo, era simples, era humilde e típico. Fazia parte da fundação da Família do Tio João.
Conhecemos um pouco da sua vida, através de uma reportagem sobre a Família do Tio João, feita pelo canal de televisão alemã ARD. Herdei-lhe expressões que utilizo muitas vezes, como por exemplo: “Deus nos dê bons dias. Bons dias nos dê Deus” e “Deus lhe pague e bem-haja”.
Faleceu no domingo e, na segunda feira de Páscoa, um dos seus netos, cumpriu o último desejo do seu avô de informar a família da sua morte. Tantos anjos o acompanhem como vezes nos fez felizes com as suas participações. Os sentimentos à família enlutada e o eterno descanso à sua alma.
No passado domingo estive em Vinhais, na ante-estreia do filme «Fátima», de João Canijo, que é o tema que vamos desenvolver neste número.
Há um ano fiquei muito satisfeito e admirado com o convite do realizador João Canijo para participar no filme que, na altura, era para se chamar “Amén”. A minha participação é radiofónica. Durante a peregrinação ouve-se em fundo o nosso programa e algumas participações dos tios e tias. Como o realizador sabe que os grupos de peregrinos que têm ido da nossa região a pé a Fátima ouvem o programa e participam, aproveitou esse facto para criticar a falta de apoio da Cruz Vermelha do distrito de Bragança aos peregrinos da região. Servindo-se de uma participação do grupo para fazer esta crítica, embora esta parte só apareça na série de cinco episódio que a RTP, no mês de Outubro, vai exibir de segunda a sexta.
O filme «Fátima», de João Canijo, tem a estreia nacional marcada para o dia 27 de Abril, mas foram as gentes de Vinhais as primeiras a ver o filme, por serem as protagonistas da maior peregrinação levada agora à tela. O realizador programou uma ante-estreia neste concelho do Nordeste Transmontano, que reuniu parte do elenco e foram eles que discursaram antes da exibição do filme. Foi com muitas lágrimas de emoção que João Canijo agradeceu às gentes de Vinhais. Recorde-se que o elenco viveu em Rio de Fornos (Vinhais), desde Janeiro até finais de Março de 2016.
O realizador não expressa expectativas em relação à recepção do público e prefere realçar que fica contente quando lhe dizem que o filme parece quase um documentário. Este trabalho mostra a mais longa e dura peregrinação a Fátima, que parte anualmente desta zona do distrito de Bragança, a mais distante do santuário e que percorre 430 quilómetros a pé em nove dias.
No elenco participam actrizes como Rita Blanco, Ana Bustorff, Márcia Breia, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Sara Norte e Teresa Tavares, que se inspiraram em protagonistas da vida real, com tarefas banais do quotidiano, como a lavoura, estar atrás de um balcão e trabalhar no centro de saúde, numa escola, numa fábrica de enchidos ou num posto de turismo.
Na minha opinião o filme é muito longo, tem 150 minutos e acho que a série vai ter mais impacto que o filme, pois são 200 minutos divididos por cinco episódios. Que as pessoas não pensem que vão ver um filme sobre Fátima. É um filme que retrata, o mais fielmente possível, o dia a dia de uma peregrinação a Fátima, de nove mulheres de Vinhais. Inclusivamente há uma delas que nem é católica e que faz a peregrinação para cumprir a promessa de uma amiga.
Este filme também serve muito para promover Vinhais e as suas gentes.