Menino de Bragança é hoje chef ao domicílio

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Ter, 26/02/2019 - 10:35


Olá, como estão os leitores da página do Tio João?

Estamos a queimar os últimos cartuchos do mês mais pequerruchinho do ano.

Os dias continuam muito quentes para a época e como diz o ditado popular “o Fevereiro engana as velhas ao soalheiro”. Muita atenção a este sol.

A nível agrícola a nossa gente já começa a arranhar a terra. Desde o dia 24 de Fevereiro, dia de S. Matias, que já começaram as enxertias.

Na última semana festejaram a vida connosco a tia Teresa (79), de Cal de Bois (Alijó); a tia Lurdes (79), de Lebução (Valpaços), que se apresentou à família pela primeira vez no dia do seu aniversário; Amélia (97), de Baçal (Bragança); Adília dos Anjos (98), de Dadim (Chaves); Arnaldo (93), de Deimãos (Valpaços); Cassiano (74), de Carviçais (Moncorvo); Maria da Piedade (59), de Regodeiro (Mirandela); Ana Tender (71), de Barreiros (Valpaços); João (59), de Vilela (Valpaços) e António Fernandes (79), de S. Julião (Bragança). Que vão tendo saúde para poderem continuar a festejar a vida connosco.

Já há algum tempo que o Pedro Gonçalves (‘O Vila’ para os amigos), nos ouve e telefona desde Inglaterra, onde está emigrado e numa dessas conversas fiquei a saber que ele tem uma profissão diferente, que é a de chef ao domicílio, ou seja, vai a casa das pessoas organizar e preparar grandes eventos. Por esta razão a nossa página desta semana lhe é dedicada. Que a vida lhe sorria sempre na nossa companhia. (O texto foi escrito por ele).

 

 

É com grande alegria que partilho convosco e com a terra natal um pouco da minha história de vida.

O meu nome é Pedro Miguel Gonçalves e tenho 43 anos. Nasci em Bragança, mais concretamente na Rua da Cidadela.

Passei parte da minha infância e adolescência na Casa de Trabalho – Patronato de Santo António, onde fiz grandes amigos e tive educadores que considero família e me incentivaram a ser ‘alguém’, família que tenho e terei sempre no coração.

Sou um de nove irmãos, dois dos quais emigraram para a Inglaterra nos anos 90, na esperança de um futuro melhor. Em 1995 também eu fui, acompanhado da hoje minha esposa, tentar a sorte e procurar uma aventura. E que aventura!...

Chegados a Londres, sem grande conhecimento da língua, costumes e tradições, encontrei trabalho a lavar louça num restaurante italiano. Entre dias e semanas de trabalho fui ganhando curiosidade em saber como os meus colegas faziam a ementa, assim como a sua apresentação. Em breve, cerca de um ano e meio, o então Chef António Strellozzi perguntou-me se eu gostaria de experimentar fazer as entradas, saladas, sopas e massas. Fui aprendendo e subindo na empresa, sendo a minha especialidade a comida italiana, que ainda hoje me fascina.

Os anos foram passando, fui ganhando experiência e novos desafios foram surgindo. Entretanto, a família cresceu e hoje tenho dois filhos, a Alice e o Gabriel, um orgulho enorme.

Entre ser Chef de duas companhias, gerente de uma durante quatro anos e cozinheiro/mordomo para uma família prestigiada, fui ganhando confiança e vontade de ser ainda melhor e poder conquistar o sonho, que tenho há alguns anos, de trabalhar por conta própria.

Há cerca de dois anos, esse que um dia foi o meu sonho, veio a realizar-se.

Hoje trabalho por conta própria, principalmente para famílias judaicas, aprendendo também costumes e tradições de outros povos.

São dias e semanas de preparação ao pormenor para que nada falte na organização das festas, sejam casamentos, aniversários, Bar Mitzvah (Crisma dos Judeus) e até funerais.

Sou um homem realizado, sempre com olhos no futuro, para que outras realizações se possam concretizar e acima de tudo fazer com que a minha família e os meus amigos tenham orgulho no menino que fui e no homem em que me tornei.