Ter, 07/02/2017 - 10:04
Olá familiazinha! Depois das fortes geadas que tivemos no mês de Janeiro agora, como nos disse a tia Maria Lúcia, de Pinelo (Vimioso), os tinteiros estão a encher para se começar no activo, nos escritórios, a escrever com a caneta de dois bicos, lá para Março. Na madrugada de sexta-feira, dia 3, o S. Pedro estava muito nervoso pois tivemos tempestade com muita chuva, vento e trovoada.
Infelizmente tivemos conhecimento de falecimentos na Família do Tio João. Desta vez Deus chamou a Si a tia Crisantina Reigadas, de Bragança. Paz à sua alma e que tantos anjinhos a acompanhem como vezes viajou e participou nos eventos da família. De uma maneira inesperada, também faleceu, no dia 5, domingo, o tio Manuel João, pai do Chico Mau Feitio. Os nosso sentimentos às famílias enlutadas.
Esta semana é a vez de conhecermos o nosso tio José Rodrigues, pela pena da tia Irene Teixeira Hostettler, que nos relata a vida de um camionista internacional, que faz uma média de sete países e 15 mil quilómetros todos os meses. Curioso também será acrescentar que o nosso tio José Rodrigues só faz transportes de líquidos.
Desta vez vou deixar-vos um relato de um amigo, acerca da vida dura de camionista internacional. Estou convicta que as palavras por ele apresentadas representam lucidamente e com concisão quão difícil é esta profissão.
Sou conhecido por “Zé Panelas”, mas o meu nome é José Rodrigues e, como referido acima, sou camionista internacional. Antes trabalhei como maquinista na Alemanha. Depois conheci a minha mulher, que é filha e neta de emigrantes em França. Fui para França onde abrimos um restaurante. Tudo corria bem, mas cansei-me e fui para camionista e a minha mulher abriu uma loja de viagens, onde promove muito o turismo em todo Portugal.
Em Bordéus, onde vivo, abri o Clube do Porto, pode-se ver na internet!
Comecei a trabalhar como condutor internacional há cerca de 16 anos e nunca pensei em conhecer pessoas e locais que tenho conhecido. Nunca pensei também vir a ter as saudades que tenho da minha mulher a ponto de ficar muitas vezes bastante triste. Penso naquilo em que um camionista fica privado: da família, do conforto da sua casa e dos cozinhados e refeições em presença dos amados! Agora resta-me a retrete ao ar livre e uma casa de 4 metros quadrados (até algumas celas são maiores!).
Por entre dias e noites a pensar, chega-se à conclusão que somos reclusos de profissão! A média passada em casa são 4 dias mês mais as férias a que temos direito. Durante os cerca de 15 dias em que viajamos tentamos programar o tempo que vamos passar em casa e quando se dá conta está na hora de partir e o tempo não chegou para fazer metade do que queríamos, vai daí rouba-se tempo ao descanso que tanta falta nos faz!
Por entre domingos e feriados que, em França, não se pode trabalhar, passam-se horas fechado na “lata” ou em convívio com colegas de profissão. Encontra-se pessoal porreiro e outro ainda com quem não se pode ter um diálogo digno de gente sã. Indivíduos que acham que são os maiores, outros que tentam desabafar e acabam por ser chatos pois estão a encher a cabeça a pessoas que estão no mesmo barco. As conversas, quando não se fala de horários, camiões, clientes, trajectos ou de patrões, são acerca de mulheres, carros ou futebol.
Andamos nesta vida por necessidade e não pelo gosto da solidão que passamos! Agora é mais fácil conduzir, as manhãs são a ouvir o programa do Tio João, ao meio dia e à noite são a ouvir “os amigos da onda”, sempre dá para matar saudades de Portugal!
Maria Irene Teixeira Hostettler