Ter, 29/03/2016 - 15:28
Depois de termos abordado nesta pagina as fontes e os lavadouros agora vez dos cruzeiros .Um Cruzeiro é uma grande cruz de pedra, erguida ao ar livre, no adro de igrejas, ou em encruzilhadas, praças, cemitérios,
Estão colocados nas bermas dos caminhos, nas praças, no alto dos montes, perto das povoações ou isoladas. São mais ou menos monumentais, com primores de pendor artístico uns, outros lisos.
Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção religiosa.
Por trás de cada Cruzeiro existe uma história relacionada com uma situação triste ou dramática, assim como uma profunda devoção.
Os Cruzeiros têm sempre uma relação directa com os mortos.
Nas encruzilhadas das incertezas, por onde um parte e por onde outro vem, está o cruzeiro de pedra, como testemunho das mais íntimas ânsias
No local onde se cometeu um pecado, onde se adorou um ídolo pagão, onde aconteceu uma tragédia, uma violação, um assalto, edifica-se um cruzeiro.
Marcam, pois, locais de acontecimentos individuais ou públicos, quer históricos, quer religiosos.
Muitos dos aspectos da vida interior dos cruzeiros aparecem plasmados nas suas inscrições.
Os Cruzeiros que se encontram nos adros das igrejas tinham e têm como fim santificar esses espaços. Para esta santificação são determinantes as procissões que percorrem o perímetro da igreja e dão a volta ao redor do Cruzeiro.
Os Cruzeiros sagram locais, dominam e protegem os campos. Recordam epidemias, assinalam momentos históricos, pedem orações e sufrágios e servem de padrões paroquiais nos adros das igrejas e capelas.
Normalmente não têm grande valor histórico e artístico, contudo há alguns que são bons exemplares, bem desenhados e esculpidos. Há inscrições memorativas que distinguem muitos deles.
Constituem óptimos elementos para o estudo das crenças, dos costumes, qualidades e tendências artísticas do povo, nas várias épocas da sua história.
O Cruzeiro é uma forma de oração, um convite à reflexão, como um catecismo de pedra que nos introduz nos permanentes mistérios que movem filósofos, artistas e poetas: o enigma da origem da vida, a morte e o mundo.
Cada Cruzeiro tem uma história muito particular que, em muitos casos, deveria ser incluída nos conjuntos paroquiais, tão pouco estudados: igreja, adro, cemitério, ossário e casa paroquial.