A colmeia é uma fábrica de delícias

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Ter, 23/07/2019 - 11:59


Olá gente boa e amiga!

Estamos a viver dias com muito calor.“Está cá uma brasa,” “que forno”, “pingamos água por todo o lado”, são algumas das expressões com que o nosso povo caracteriza dias tão quentes. O que nos vale é a brisa que se faz sentir de madrugada, que o diga eu, que as saboreio diariamente. Nesta altura as pessoas madrugam e vão para o campo, tentando fugir ao sol tórrido. Depois de almoço aproveitam a parte mais fresca de suas casas para dormir uma sesta, regressando ao campo mais à tardinha. Dizem os nossos tios agricultores não fazer outra coisa senão andar com a “caneta de dois bicos” a tirar a erva que não pára de crescer. Outros há que andam a “desmamonar” oliveiras e vinhas. É preciso eliminar das árvores o que não dá fruto.

Algumas pessoas aproveitam o nosso programa para tentar localizar animais extraviados, como aconteceu com a tia Laurinda, de Babe (Bragança), disse que lhe tinha desaparecido uma vaca mirandesa. Para espanto de todos apareceu, nove dias depois, à entrada do estábulo e bem nutrida. Fez-lhe bem a novena e deu com o caminho de volta a casa!

No dia quinze de Julho fui surpreendido com a triste notícia da morte de António Barrigão, de Guadramil (Bragança), rapaz da minha idade (51anos),trabalhou comigo na década de noventa e recordo com saudade os bons momentos vividos juntos.

Na passada quinta feira Deus também chamou, aos oitenta e dois anos, o tio Armindo, pastor de Paredes de Adufe (Vila Real), um elemento activo da nossa família radiofónica. Durante alguns anos enriqueceu o nosso programa com as suas participações sempre animadas. Que descansem em paz e as nossas condolências às famílias enlutadas.

Depois de chorar a morte vamos celebrar a vida daqueles que estiveram de aniversário nos últimos dias. Maria do Amparo (91), mãe da tia Rosalina, de Rebordelo (Vinhais); Maria Fernandes (81), de Alfaião (Bragança); António Veiga (87),de Campo de Jales (Vila Pouca de Aguiar); Tio Minga (75),de Santa Valha (Valpaços); Tia Rita (75), Vale Frades (Vimioso) Tio Machado (72), de Parada (Bragança); Maria Rodrigues (39), de Viduedo (Bragança); André (34), Especiosa (Miranda do Douro) e Ana Rita (20), de Oleirinhos (Bragança); e como diz o meu João André na sua canção de parabéns “que para o ano lhos volte a cantar vez”.

Nesta edição vamos falar de apicultura, a arte da criação de abelhas e produção de mel

 

 

Ao longo dos anos alguns tios nos têm falado no mundo da apicultura. O tio Henrique, de Macedo do Peso (Mogadouro), tem sido um professor para ajudar outros apicultores a tratar as colmeias.

Embora desde sempre se tenha feito apicultura essencialmente em cortiços, a verdade é que nas últimas décadas e graças à política de ajudas se ampliou o número de apicultores. Apesar de tudo, ainda são poucos os que vivem só da apicultura dado o número reduzido de colmeias que cada um tem. Para viver da actividade são necessárias, no mínimo, cerca de trezentas colmeias, como nos disse Marco Vieira, filho dos nossos tios José Vieira (mais conhecido por JPV) e Aldinha, que tem um apiário na freguesia de Carragosa e Soutelo da Gamoeda (Bragança)

Os apiários ou colmeais são um conjunto de colmeias que devem ser colocadas nas proximidades de floração e de água. Na terra fria a floração depende da altitude, indo desde o rosmaninho e urze até à floração do castanheiro e carvalho. Para maior rendimento há quem faça a transumância, mudança das colmeias para aproveitar as diferentes florações. Deve ser feita sempre de madrugada para que as abelhas estejam resguardadas, como nos revelou um novo ouvinte de Mirandela que, no sábado, se apresentou à família, enquanto realizava essa tarefa. Os apicultores que têm os colmeais em zonas protegidas como as do Parque Natural de Montezinho não podem realizar a transumância para evitar que as doenças acompanhem o movimento das abelhas.

Nos últimos tempos muitos são os apicultores que têm desanimado, porque veem as suas colmeias dizimadas pela infestação do ácaro da varroa, que pode levar
à morte repentina de uma colónia de abelhas. No sábado passado a tia Aidinha, de Sobreiró de Baixo (Vinhais), disse-nos que tinha trinta colmeias e ficou somente com dez, podendo perdê-las a qualquer momento se tiver nova infestação.

A maior parte da colmeia é constituída por abelhas obreiras. Fazem a recolha do néctar das flores, produzem o mel, os favos e alimentam as larvas. Na colmeia existe apenas uma abelha mestra. É responsável pela reprodução, o que garante a existência do grupo.

Uma colmeia é constituída por cerca de setenta a oitenta mil abelhas. Uma quarta parte cuida do interior e as restantes (obreiras) tratam da recolha. Como curiosidade cada obreira visita cerca de cinco mil flores dia e produz anualmente, em média, quarenta quilos de mel, ficando para o produtor aproximadamente quinze quilos. As denominadas variedades de mel resultam da floração predominante da zona.