A vitória da arraia-miúda

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Todos os cidadãos ganhavam (ganham) em ler as inolvidáveis crónicas de Fernão Lopes. Os elementos da classe política além de ganharem culturalmente, também arrecadavam sageza ao perceberem quão importante foi o papel da arraia- -miúda na porfiada defesa da nossa independência ao ser o pilar da Revolução de 1383- 85, a qual foi apelidada de crise nos meios da historiografia do Estado Novo. Feita esta referência à qual a Escola, apagada atenção lhe concede, duvido que os responsáveis do Ministério tenham recreado o espírito deleitando-se na leitura das referidas crónicas, estabeleço um paralelismo entre o espírito pragmático e lutador do povo a enxotar a barregã Leonor Teles e o espinhoso triunfo de Rui Rio no embate contra Paulo Rangel no sábado dia 27 de Novembro do ano em curso, Porquê? Porque condes, Duques, Marqueses, Barões, Viscondes, Escudeiros, Pajens e Açafatas do reino laranjinhas (entenda-se PSD) por pensamentos, palavras salivadas nos órgãos de comunicação social, e obras aparelhadas nas cadeias das confrarias do badalo, tudo tentaram e fizeram no objectivo de catapultarem Paulo Rangel para o colocarem à frente do destino do Partido saboreando antecipadamente os virtuais pastéis de nata (lugares nas listas de deputados e demais prebendas do aparelho de Estado) porque a melhor «manjedoura» é a do Orçamento pago por todos os contribuintes. O povo miúdo menos pobre e esfaimado da época dos pés descalços (patas ao léu, da Patuleia), no entanto, compungidos e a roerem insatisfações ante o descalabro do País, afogado em escândalos financeiros e militares, a braços com a pandemia, os militantes sem rosto do PSD intuirão quão necessário era aproveitarem o ensejo de tentarem derrotar os socialista no poder há muito tempo, daí responderem à chamada eleitoral de 30 de Janeiro de 2022, escolhendo um líder sem os denominados rabos-de-palha, autarca experimentado, capaz de responder «senão não» a garrotes de interesses, amiguismos e companhia limitada. Bem sei, muitos dos acerados críticos do ora reeleito primeiro responsável do rincão laranja, em virtude de serem adesivo até à medula não conseguem resistir ao apelo videirinho dos sempre em pé, tal qual os teimosos da minha infância. Como tem acontecido até agora, Rio terá de continuar a enxotá-los sem contemplações e comoções. Nesta campanha ouvi alguns barões a descarregarem fúrias, sarcasmos e ironias sobre os ombros do vencedor da contenda, dado lhes conhecer o historial apenas escrevo: como é possível? É, a ambição desmedida leva ao ensandecimento!

Armando Fernandes