Nesta viagem interplanetária em que a Terra serve de base a todos quantos aqui habitam, todos ou quase todos, acreditam que um ser superior administra a relação do cosmos e dos homens e, de algum modo, criou tudo o que nos rodeia.
Desde as civilizações mais antigas que se tem isso como certo e por isso mesmo, foram todos levados a acreditar em vários deuses, porque um deveria ser pouco, ou num ser supremo que tivesse em si mesmo concentrados todos os poderes para governar todo o universo. Aos deuses deram nomes variados de acordo com os seus receios e os poderes que deles esperavam para governar as suas vidas. Desde o vento ao Sol e à Lua, passando pelo mar profundo, todos foram protagonistas de uma governação poderosa em que todos acreditavam. Séculos passados, os deuses foram ultrapassados por um só Deus, omnisciente e omnipresente, sem ter um nome específico ligado aos seus poderes. Simplesmente Deus. Muito embora acabe por ter um nome que identifica o povo que n’Ele acredita como Jeová, Alá ou até Buda, certo é que o Deus é o mesmo. Um ser superior que tudo e todos governa, não só na Terra como no Universo. E certamente haverá outros planetas e outros povos e raças que habitam neste imenso Universo. Não teremos certamente o privilégio de sermos únicos. Por que razão o seríamos?
Deste modo e pensando que este acreditar em algo pressupõe um modo de estar na vida, um modo de comportamento, um modo de interacção e um modo de convivência onde devem existir regras, é natural que essas mesmas regras sejam ensinadas aos mais novos para que, enquanto crescem as conheçam, as saibam aplicar e desenvolver corretamente. São normas de moral e ética, além de qualquer religiosidade a que se possam ligar, mas também. Afinal somos todos dirigidos por algo superior.
Deste modo, nas escolas há uma disciplina de Moral e Religião que é ministrada aos alunos para que eles tomem nota das regras de moral, de ética e também de uma certa religiosidade de que não se podem desprender. O que não se entende é a razão ou razões que levam os alunos a partir de uma idade mais madura, não quererem ter aulas de Moral e Religião. Antigamente havia esta disciplina até ao 12.º. Ano. Hoje muitos dos nossos alunos deixam de querer ter esta disciplina a partir do oitavo e nono ano e, as razões poderão ser várias. O furo das aulas que lhes dá a liberdade de privarem com outros colegas ou até saírem do espaço escolar, o desinteresse pela disciplina e pelos temas que se abordam, pela importância da Religião e o peso dela na disciplina ou até simplesmente por não quererem aulas, sejam elas quais forem. Caberá aqui à Escola e até ao Ministério, decidirem o que querem fazer para interessar os alunos por estas matérias. E quando resolvem incluir a disciplina de Cidadania para supostamente, formar alunos incutindo-lhes regras de moral e ética comportamental, ficamos sem saber realmente o que representa a disciplina de Moral e Religião! Porquê? Afinal o que se pretende não é a mesma coisa? Religiões à parte, o modo como todos se devem comportar pode e deve ser administrado por quem ensina a Moral e as suas regras. Isto é cidadania. Ser cidadão é ter moral comportamental e ética para poder desempenhar os papéis sociais a que tem direito e ocupar com dignidade os lugares que a sociedade dispõe. Ser cidadão é ser correto, honesto, é ser digno e fiel a um compromisso. Na antiga Grécia, os que eram considerados persona non grata, eram votados ao ostracismo por dez anos. Expulsos da cidade onde moravam. Fazia parte da moral e ética democrática, muito embora esta não fosse perfeita. Mas isto também se ensina hoje. Isto é Moral. São regras que a todos obrigam.
Se a disciplina de Moral e Religião Católica foi durante anos e anos a disciplina da Igreja Católica com o fundamento de que a sociedade portuguesa era essencialmente católica e esta a religião oficial do Estado Novo e assim permaneceu, não significa que deixou de ter importância a religião, porque é uma forma de crer, mas a moral, que é cada vez menos na nossa sociedade, deverá ser ministrada cada vez com maior rigor e obrigatoriedade. Não será esta Cidadania que o Ministério vem agora apregoar, que resolverá a questão dos desmandos sociais e humanos que estamos a viver presentemente. Que moralidade tem o filho que mata o pai? Que moralidade tem o marido que castiga e maltrata a esposa? Que moralidade tem o namorado que assassina a namorada por despeito ou ciúme? Que moralidade terá o governante que rouba o erário público ou que usa a corrupção para servir os seus interesses? São estes os cidadãos que queremos para o nosso país? Não. Decididamente, não.
Vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos os mesmos horizontes. É verdade. Mas vivemos todos sob um mesmo Deus, tenha Ele o nome que tiver. E a isso obriga termos todos uma elevada Moral e uma Ética irrepreensível se queremos ser verdadeiros cidadãos. E isto, meus amigos, aprende-se desde pequenos. Até a celebração da Páscoa.