Agosto é usualmente tempo de férias e descanso merecido para quem trabalhou durante o ano inteiro. Sempre se referenciou este mês como o mês em que todos vão de férias. Algarve ou estrangeiro, era o que se pensava escolher conforme a carteira de cada um. Destinos sonhados, ambições atingíveis, programas e projetos bem organizados, tudo numa amálgama de desejos a concluir num Agosto de um Verão próximo, pautado pelo calor e pelas ondas refrescantes de um mar aberto à concretização de todas as aspirações sem preocupações maiores. Mas o destino ou seja lá o que for, troca-nos as voltas quando menos se espera e prega-nos partidas tremendas que deitam por terra os projetos que esperavam conclusão. O destino, desta vez, mais uma, tem nome: Covid 19. As férias tão ambicionadas mudam de rumo, de tempo e de lugar. Os desejos são limitados a um confinamento espacial, bem diferente do pensado e rodeados de uma preocupação renovada. Os destinos paradisíacos, ficam demasiado longínquos da sua concretização e os desejos são muito diferentes dos inicialmente previstos. O vírus mudou a tradição e Agosto deixou de ser o mês das ansiadas féria de verão, numa praia do pacífico, do Mediterrâneo ou mesmo da costa algarvia. Para muitos, as férias passaram a ser uma preocupação constante e um receio atroz, uma fuga a um inimigo invisível, que pode estar ao virar da esquina. Mas não são só preocupações pessoais e sazonais as que pesam no dia-a-dia nacional. A falta de movimentação da população, leva a consequências económicas terríveis para o Turismo nacional. De fora, os turistas que habitualmente nos visitavam, deixaram de vir. Confinados a regras duras, para evitar o alastramento da epidemia, ficam nos seus países, mesmo contra a sua vontade e deixam os nossos hotéis e os cofres vazios e cheios de preocupações futuras. Os donos da hotelaria passam a ter férias forçadas por falta de clientes e os empregados passam a viver com a preocupação de um despedimento inesperado. Já me tinha referido anteriormente a uma possibilidade deste género vir a concretizar-se. Aí a temos. Quando nos outros países já se fala de uma possível segunda vaga perante um novo crescimento do número infetados e de óbitos, nós ainda estamos a conter a primeira vaga, muito embora haja locais assinalados com vários surtos epidemiológicos. Mas não descartemos a segunda vaga depois de Agosto. Setembro e Outubro podem trazer tempos difíceis a todos os níveis. De facto, as aulas iniciam- -se em setembro. Os alunos voltam às escolas para fazer exames e depois iniciar o ano letivo, de contornos ainda por definir. São imensas as preocupações, quer dos professores, quer dos alunos, quer das comunidades escolares. São milhares de alunos e professores a cruzarem-se em todos o lado, pelos corredores das escolas, nas salas de aula e nos recreios. Olham todos de soslaio, com receio, com desconfiança, mas com vontade de estarem perto quando se devem manter afastados. Depois de Agosto, tudo vai ser diferente. Nada disto nos surpreende. As férias serão sempre férias, mesmo que seja somente um tempo de descanso à beira do rio que passa ao lado da OPINIÃO aldeia, onde as águas frescas sempre refrescam os ânimos ressequidos de uma frustração imposta por um vírus que não veio de férias, mas que parece querer ficar mais tempo do que o mês de Agosto. Mas as férias não terão o mesmo significado para a grande maioria das pessoas. Outras vieram mesmo assim, de França ou da Alemanha, matar as saudades imensas de meses de separação. Arriscaram para usufruir do mês de férias junto dos seus. Atravessaram a Europa e nós cá, esperamos que não tragam na bagagem o que não se consegue ver a olho nu. As preocupações, mesmo em férias, não acabam. Elas não têm direito ao descanso que nós gostaríamos de ter. Como não chagava o vírus para nos preocupar, vieram as preocupações para acabar com as parcas férias que esperávamos ter. Já nada é como era! Nem será.