Vendavais - Curioso é apoiar a mediocridade

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No portão de entrada de uma Universidade na África do Sul foi afixada a seguinte mensagem para reflexão: “Para destruir qualquer nação não é necessário usar bombas atómicas ou mísseis de longo alcance. Basta apenas reduzir a qualidade da educação e permitir que os estudantes ‘cabulem’ nos exames.”

Nada mais verdadeiro. Bombas para quê? Somente para destruir, matar, arrasar. Mas a verdade é que as bombas matam quem não é culpado e destroem o que todos construíram para bem da comunidade. Arrasam sem nexo porque são obviamente incontroláveis os seus efeitos. E a isto assistimos todos os dias em vários países do globo e quase já achamos natural que assim aconteça tantos são os factos referidos diariamente pelos órgãos de comunicação social. E continuamos a perguntar, porquê e em nome de quê ou de quem se cometem tais atentados. As respostas já todos as sabemos e culpamos sempre os mesmos. Ao fim de tantos anos que progressos se obtiveram? Quer uns, quer outros. Nenhuns. Num mundo que aos poucos se despovoa em algumas regiões do planeta, estes factos acontecem frequentemente, mas os estudos mais recentes chegam igualmente à conclusão de que eles têm lugar em meios onde a educação e o desenvolvimento são efetivamente menores.

A falta de cultura, de educação, de progresso, pode levar a situações deste nível, onde a destruição e a morte surgem como uma vingança e, em muitos casos, em nome de um deus que de todo em todo, não parece um deus menor. Isto leva­nos a concluir que a base essencial de um povo, seja ele qual for, é a educação. Um povo educado é evoluído, é culto e tem obrigação de saber conduzir os seus destinos com discernimento. À razão, o que é da razão. Daqui a analisarmos o que se tem passado em Portugal no que se refere à educação e ao momento presente. Presenciamos esta luta inglória entre os professores e o ministro da educação por uma questão que já deveria estar resolvida há algum tempo. Após discussão dos pormenores gerais, parece que os mais pequenos não se ajustam e daí este braço de ferro em que pagam os alunos, os pais, os professores e o país. Ora as culpas são apontadas em todas as direcções como sempre. Ou são dos professores porque querem o seu tempo contabiliza do integralmente, ou são dos pais que não querem ir para férias sem a avaliação dos seus filhos, ou são do ministro que não cede às exigências dos sindicatos. Não vislumbro uma ponta de sensatez. A greve que está no ar, não vai servir a ninguém, muito embora os professores pensem ganhar alguma coisa com ela. Também os sindicatos pensam que vão tirar dividendos dela, mas não acredito. E o governo, não cedendo, também não fica bem na fotografia. Esta pseudo greve faseada, em que se põe o sistema a funcionar aos bocadinhos e aos empurrões, não acrescenta nada aos objetivos pretendidos. No final, nem o governo cede, nem os sindicatos ganham, nem os professores obtêm o tempo perdido. E porquê? Porque não há dinheiro. Diz o governo. E chega!

O colapso da educação, é o colapso da Nação. Todo o sistema necessita urgentemente de ser revisto e ajustado à nossa sociedade, integrada num amplexo maior e ao qual nos queremos ajustar. Caso assim não seja, arriscamo­nos a ter pacientes que morrem nas mãos de alguns médicos, edifícios que desabam às mãos de alguns engenheiros, a justiça que se perde nas mãos de alguns juízes e dinheiro que se perde nas mãos de alguns economistas.

Não queremos que a mediocridade invada a nossa sociedade. Queremos ter os melhores técnicos, mas para isso temos de ter a melhor educação. Não continuem a brincar com os professores. São eles que formam os melhores. Sem eles, a educação  simplesmente desaparece.

Luís Ferreira