Portugal como destino turístico tem um conjunto de fatores distintivos de atratividade e competitividade como: a posição geoestratégica, entre a Europa, a América e a África que nos permite, face à nossa posição periférica relativa ao centro da europa, onde se concentra a economia e os grandes fluxos de cidadãos, contrapor uma visão atlântica próxima de mercados mais amplos; ser um dos países mais antigos do mundo, com a fronteira continental mais estável da europa, praticamente inalterada desde o século XIII, sendo a mais antiga nação da europa; ter sido o país que iniciou o caminho da globalização.
Por outro lado, a língua portuguesa é a 5.ª mais falada no mundo, o que lhe permite ligações históricas e culturais com vários povos e uma imagem de povo aberto, com capacidade de acolher e de se integrar em culturas diversas; o povo português tem facilidade de falar línguas estrangeiras e cultiva a tradição de bem receber; integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mercado com elevado potencial, também para o turismo; beneficia de um clima mediterrânico moderado pela influência do atlântico, muito favorável ao turismo e de uma extensa faixa costeira com potencial turístico elevado.
Portugal é um dos países do mundo (22.º) com melhores infraestruturas, tem bons serviços tecnológicos e serviços de saúde de qualidade, infraestruturas culturais e de lazer de qualidade; tem um território diversificado, património natural de elevada biodiversidade e um vasto património cultural, é um dos países mais seguros do mundo.
A Organização Mundial do Turismo reconhece a importância crescente do turismo na economia global, considerando-o uma oportunidade para a prosperidade dos povos e dos territórios. Os seus efeitos fazem-se sentir no alojamento, na restauração, nos serviços de transporte, na animação turística e de forma indireta em diversas outras atividades económicas. Estima que um em cada dez empregos a nível mundial esteja diretamente ligado ao setor do turismo;
De acordo com o Banco de Portugal, o turismo é um dos setores que mais contribui para a recuperação da economia portuguesa. As receitas do turismo tiveram no período de 2012 a 2016, um crescimento médio de 10,2%. O crescimento da atividade turística teve reflexos positivos nas taxas de ocupação dos quartos, no número de dormidas, no rendimento médio por quarto disponível, na redução da sazonalidade e no emprego;
Em 2016 as receitas do turismo foram de 12,7 mil milhões de euros, representaram 16,7% do total das exportações portuguesas, ano em que se registou o valor de 55 milhões de dormidas e 19,1 milhões de hóspedes;
Os principais mercados geradores de receitas turísticas em Portugal estão na Europa. Cinco países (França, Reino Unido, Espanha, Alemanha e Países Baixos) representam 65% das receitas totais;
Portugal e Espanha são países com posição relevante no turismo a nível mundial, juntos são o primeiro destino turístico do mundo. Portugal é, segundo a Organização Mundial de Turismo, o 26.º país em receitas turísticas, ocupa a 15.ª posição como destino competitivo, venceu em 2017 o prémio de melhor destino turístico do mundo. O país vizinho ocupa a 3.ª posição em termos de receitas e nos anos de 2015 e 2016 conseguiu atingir a 1.ª posição como destino turístico mais competitivo do mundo, sucesso atribuído à oferta cultural e natural em combinação com o serviço de apoio aos turistas;
Portugal que tem como principais portas de entrada turística, Lisboa, Porto e Faro e por isso se foca quase totalmente no litoral, não pode deixar de promover o turismo no Interior, fortalecendo novas portas de entrada a partir do país, que em termos turísticos é muito forte, trabalhando de forma mais integrada, em particular com as suas regiões fronteiriças, a interface territorial entre os dois países.
A Região Norte tem, na perspetiva da promoção turística, um grande potencial em termos de património natural e cultural, que exige uma promoção mais integrada em termos regionais, com maior benefício económico para a região no seu todo, criadas as condições o crescimento turístico em Trás-os-Montes e Alto Douro e não exclusivamente na orla litoral e cidades próximas.
Portugal pretende com a “Estratégia Turismo 2027”, afirmar o turismo em todo o território e posicionar Portugal como um dos destinos mais competitivos e sustentáveis do mundo, valorizando num dos seus eixos a oferta turística cultural, tendo por base o conjunto de bens patrimoniais com dimensão histórica, identitária e de religiosidade. Ora, para isso, não pode deixar de estabelecer metas específicas para o Interior, contando com os seus ativos, sob pena de a linha de fratura entre o Portugal despovoado e envelhecido e a estreita faixa da orla costeira, se acentuar.
A Região Norte é de entre as Regiões NUT II do País, a que dispõe de maior número de monumentos nacionais (272) e de imóveis de interesse público (961). Dispõe de um vasto património cultural e natural onde se incluem quatro bens inscritos na Lista do Património Mundial da UNESCO (Porto, Guimarães, Douro e Vale do Côa), o Gerês/Xurês e a Meseta Ibérica, espaços que integram a Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, um Parque Nacional, quatro Parques Naturais e várias Paisagens Protegidas de interesse nacional e local, dezanove Sítios de Interesse Comunitário e seis zonas de proteção especial integradas na Rede Natura 2000. Em Trás-os-Montes e Alto Douro está muita da riqueza patrimonial e ambiental que deve ser mobilizada para o desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável do turismo obriga-nos a equacionar as grandes tendências mundiais: as alterações climáticas, seus efeitos sobre a vida humana e a economia; o forte crescimento e urbanização da população mundial; a limitação de recursos do planeta e a luta pela sua posse; a pobreza e a fome; as desigualdades crescentes.
Por outro sabe-se que, o forte crescimento da população mundial, o aumento de rendimento em países de economias emergentes, o impulso da globalização, a redução de preços, a maior facilidade nas fronteiras e que viajar é essencial à promoção dos negócios e à qualidade de vida, são um conjunto de fatores quer contribuem para que as perspetivas de crescimento do turismo a nível mundial sejam elevadas. No ano de 1950 o número de turistas era de 50 milhões, em 2016 foram contabilizados 1,24 mil milhões e prevê-se que no ano de 2030 atinja o valor de 1,8 mil milhões.
É no âmbito do contexto acima referido que o turismo tem que ser pensado em termos globais, num cenário de crescimento económico inteligente e inclusivo, com utilização eficiente dos recursos no sentido de minimizar impacto das atividades humanas sobre o planeta.
A sustentabilidade económica, social e ambiental é a nova tendência de pensamento para o turismo global. O turismo bem concebido e gerido deve contribuir para o crescimento económico, para a criação de emprego, para a redução das desigualdades, para a paz, através de uma maior compreensão cultural e religiosa entre os povos.
O Fórum Económico Mundial, na análise de tendências para o turismo global, acentua que as preferências dos turistas se alteram, que novos produtos e destinos turísticos competem no mercado global, que a oferta turística e os turistas estão cada dia mais alinhados com questões como, a sustentabilidade ambiental e o respeito pelos hábitos das diversas culturas e religiões.
Portugal, em particular Trás-os-Montes e Alto Douro estão bem posicionados para uma mudança de paradigma, como destino turístico sustentável e beneficiar dessa nova sensibilidade dos turistas. Necessita ter visão e orientações simples e claras para que essa mudança seja assumida, num contexto de crescimento turístico, em que se exige elevada formação das profissões do setor e adequação de competências às necessidades do mercado, em que no âmbito da política pública e dos negócios, se exige sejam conciliados os interesses dos turistas, da indústria e serviços, com o interesse das comunidades locais e do meio ambiente.
Por outro não pode conceber-se o desenvolvimento sustentável do turismo em Portugal, sem pensar no território no seu conjunto, concentrando-o a oferta e a procura de forma maciça em meia dúzia de cidades, inclusive criando problemas de equilíbrio e de perda de qualidade em determinados centros urbanos, quando se sabe que as várias regiões do País se complementam e enriquecem a oferta turística e se deseja, que todas beneficiem da conjugação entre a melhoria da oferta e o aumento da procura.