Alfândega da Fé pertence à Associação de Municípios do Baixo Sabor e, como tal, integra o conjunto de autarquias que participaram com a cedência de terras para a construção e funcionamento do Aproveitamente Hidroelétrico do sul do distrito. Participou, na medida do que lhe foi solicitado, no esforço necessário à instalação de um sistema ecológico e renovável de energia. Esta energia é necessária ao desenvolvimento regional e nacional, bem como ao bem estar e satisfação de muitas necessidades indispensáveis na contemporaneidade.
Ao contrário dos sistemas eólicos de produção de energia, as barragens têm várias vantagens sobre outras fontes energéticas, mesmo sendo renováveis, como as eólicas. As barragens promovem a diversidade da fauna e da flora, compensando algum inpacto negativo, provocado, necessariamente, pela grande alteração do espaço onde se instalam. São menos agressivas quer na vertente ecológica quer, sobretudo, na vertente paisagística. Promovem igualmente o aumento da reserva de água doce e potável, um recurso cada vez mais precioso. Falando em reserva evidencia-se a maior das suas vantagens que é a capacidade de armazenar energia, permitindo o seu uso apenas quando for necessário o que é de enorme importância no seu papel de regulação e estabilização da rede elétrica nacional.
Imagine-se um sistema de produção puramente solar. À noite não haveria energia. E se a captação da luz solar fosse suficiente em dias médios, nos dias de maior calor haveria muita energia que teria de ser totalmente desaproveitada a menos que se investissem avultadas somas de dinheiro em grandes armazéns de baterias elétricas.
Se o sistema fosse exclusivamente eólico passar-se-ia o mesmo nos dias de calmaria e nos dias ventosos, respetivamente.
Contudo se for usado um sistema misto, embora não resolvendo todas as falhas na totalidade, acrescenta eficiência a qualquer um dos métodos pois as noites ventosas e os dias de calor sem vento terão energia suficiente para uso. Este passo tem um significado especial, como a seguir se verá.
Não havendo armazenamento a chave de funcionamento do sistema é o equilíbrio. A produção tem de igualar o consumo.
Ora a sustentabilidade, ao contrário do que alguns pensam, defendem e promovem, não passa necessariamente no aumento da produção de energia renovável, mas na redução racional, mas substantiva do consumo. E, claro, na mistura dos sistemas de produção, ou, pelas mesmas razões, na partilha do consumo. Assim se obterá uma situação mais equilibrada, mais ecológica e mais sustentável.
Foi essa a aposta do município alfandeguense, segundo notícia apresentada neste mesmo jornal na edição da semana passada. A opção pela iluminação pública à base de LED e, sobretudo, a instalação de paineis solares para autoconsumo partilhado é, sem qualquer margem para dúvidas, a opção certa no que ao futuro ecológico convém experimentar, melhorar e promover. Estão pois de parabéns, não só a Presidente Berta Nunes por ter apostado neste projeto que além do seu potencial garantido tem um financiamento excecional de 95%, como o Diretor Executivo da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana e coordenador da Agência de Energia de Trás-os-Montes, eng.º Manuel Miranda!
Sustentabilidade energética
José Mário Leite