SOS Democracia

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A vida política portuguesa em geral e a governança socialista mais precisamente, continuam a ser abaladas por episódios escandalosos, designadamente por casos de corrupção ao mais alto nível, que nada dignificam a Democracia.

O Regime político, melhor dizendo.

Assim é que na semana passada, para não irmos mais atrás, foram noticiadas “visitas de cortesia” da Polícia Judiciaria à Presidência do Conselho de Ministro, dando a ideia que ainda por lá paira a sombra do ex-primeiro ministro José Sócrates.

De acordo com o Ministério Público, estas simpáticas “visitas”, a que abusivamente se dá o nome de buscas, foram motivadas por “banais” crimes de corrupção activa e passiva, participação económica em negócio e falsificação de documentos.

Polícia Judiciária que igualmente fez buscas em diversas instalações do INEM, no âmbito de uma investigação relacionada com irregularidades na gestão de pessoal.

Buscas que transmitem a ideia de que as polícias vão funcionando como podem, muito embora a Justiça continue constrangida por políticos afamados e outros civis famosos, já que, como diz o povo, tudo acaba por ficar, de molho, em águas de bacalhau.

Também veio a público a notícia de que o marido da ministra da Coesão Territorial, concorreu a fundos comunitários quando esta governante já tutelava as CCDR que, como se sabe, são as entidades responsáveis pela gestão de dinheiros tão cobiçados.

Este é mais um caso, apenas, da rica panóplia de conflitos de interesses envolvendo relações familiares dos governos de António Costa, que acaba de ser artisticamente enriquecida com as incompatibilidades do novíssimo ministro da Saúde.

Confrontada com tais factos em plena Assembleia da República, a ministra Ana Abrunhosa, visivelmente emocionada, declarou, “tout court”, ser “uma chorona”. Imagens confrangedoras que, por certo, condoeram muitos portugueses.

Ainda assim, o ponto mais alto desta emotiva cena de choro e ranger de dentes aconteceu quando a deputada socialista Isabel Guerreiro saiu em defesa da sua ministra pedindo que a intervenção do deputado interpelador fosse apagada e retirada da acta.

Já no plano mais requintadamente político o primeiro-ministro António Costa declarou, com a ênfase que lhe é conhecida, que irá promover a privatização da transportadora aérea nacional, no prazo de um ano.

Convém recordar que a TAP foi nacionalizada em 1975, privatizada em 2015 e renacionalizada em 2020, por governos do partido de António Costa, precisamente.

Uma suculenta caldeirada ideológica cozinhada pelo PS, o PCP e o BE, partidos que persistem em dar de comer aos portugueses a mais requentada ideologia dos seus cardápios.

Só que este repasto ideológico rapa mais de 3000 milhões de euros dos cofres do Estado, com os quais, por exemplo, se poderia ter evitado o descalabro do SNS ou que o Portugal rural morra à sede.

Ou obstar a que idosos morram indignamente em lares que são pastos de formigas. Ou que professoras sofrendo de doença oncológica sejam constrangidas a viajar centenas de quilómetros para irem trabalhar.

Acresce o problema do novo aeroporto de Lisboa que se arrasta há mais de 50 anos. Talvez se venha a concluir que tal aeroporto nunca fez falta nenhuma, muito menos agora que Portugal, mais uma vez, corre o risco de entrar em recessão.

Perante tudo isto, o mais alto magistrado da Nação, que tem andado nas nuvens, a voar de um lado para o outro e a auto fotografar-se, agora, quando desce à terra já dá sinais de abandonar o barco da governação que seraficamente coabitou, porque o vê a meter água por todos os lados.

É este o Regime político que nos rege, que enferma de um evidente défice de competência e honestidade. Regime que normalizou a corrupção, o nepotismo, o compadrio e a incompetência, mas se mostra incapaz de normalizar a própria democracia.

O mal, porém, não são os partidos, muito embora esteja neles enquanto donos absolutos do poder.

Porque não partilham eles o acesso ao poder de legislar e governar, por via eleitoral, claro, com as associações cívicas, culturais, desportivas, as ordens profissionais e os próprios sindicatos, apetece perguntar?

E porque não há-de-haver candidaturas independentes à Assembleia da República?

É destas anormalidades que brotam as verdadeiras ameaças à Democracia, não daqueles que denunciam os crimes e dão voz aos explorados, aos injustiçados e aos oprimidos.

Apostila:

Entretanto o neofascista Putin, não pára de ameaçar a Humanidade com bombas atómicas.

Bem que poderia ser um pouco mais simpático e poupar os seus amigos do lado de cá, designadamente os camaradas do PCP que, apesar de tão sérias ameaças, continuam mudos e quedos.

Talvez acreditem que as armas de Putin são tão inteligentes que distinguem comunistas de fascistas e civis de militares.

Ou talvez estejam à espera que Putin os evacue para Moscovo antes de disparar as suas simpáticas bombas atómicas.

 

Vale de Salgueiro, 6 de Outubro de 2022
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Henrique Pedro