A sombra do CDS

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Como não se interrogar sobre a sorte de um partido que faz parte da história da nossa Democracia? Como não recear que o seu destino se veja hipotecado por um desnorte que o faz perder o rumo? Como não temer que as suas bases ideológicas se afundem em lutas intestinas que lhe retiram todo o crédito? Como não duvidar da capacidade do seu atual líder para fazer renascer aquilo que já muitos têm como conjunturalmente perdido? Se o CDS foi, durante o período áureo do cavaquismo, aquilo que alguns, acintosamente, chamavam “o partido do táxi”, não é menos verdade que a “corrida” tinha um rumo e os “passageiros” sabiam bem para onde se dirigiam. Era o tempo de deputados coerentes e competentes, como Nogueira de Brito e Lobo Xavier. Hoje, subsistem ainda grandes talentos centristas na Assembleia da República – de que Cecília Meireles e João Almeida são dois brilhantes exemplos. Mas, justamente, por serem brilhantes, enérgicos, assertivos e resilientes, correm o risco de ofuscar Francisco Rodrigues dos Santos, acentuando a sua inutilidade como líder do partido. Por isso, são olhados pela direção como uma ameaça: por serem combativos, resilientes e não se vergarem perante a mediocridade da dita chefia. Olhando o presente do CDS, não podemos deixar de ouvir o seu passado, que nos grita, como se chamasse por alguém que urge aparecer. Esqueçamos as brumas sebásticas! Ninguém deseja o Desejado, mas tão-somente uma figura forte, carismática, um verdadeiro líder que congregue esforços, que saiba inspirar e que permita compreender a ideologia do Partido, unindo os militantes e marcando uma posição conspícua no espectro político nacional. O CDS está num ponto de não-retorno. O seu futuro joga-se neste presente. Depois do período de liderança de Paulo Portas – paradigma de inteligência, mas, talvez por isso, inibidor do surgimento de outras entidades –, o partido está à deriva, buscando um verdadeiro timoneiro. É fundamental que o CDS assinale o seu espaço no lugar que deve ocupar na direita democrática. Mas há esperança. Há nomes que o CDS conhece bem e que reconhece como eventuais líderes, dignos de um voto de confiança. Eles estão aí, com o Partido e pelo Partido. Com vontade, competência e capacidade de tirar o CDS deste limbo em que se encontra. É a hora!

Egídio Frias