Ricos, poderosos e farsantes.

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É ideia assente que as potenciais catástrofes associadas às alterações climatéricas, assim como a sempre possível terrífica guerra nuclear, ou mesmo epidemias incontroláveis, colocam em perigo a sobrevivência da Humanidade.
A estas ameaças planetárias junta-se agora o indiscriminado terrorismo global que ameaça a própria Civilização.
Os grandes perigos modernos não se ficam por aqui, porém.
O mundo acaba de tomar conhecimento de uma outra calamidade real, pela mão do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação que investigou o escândalo de corrupção planetário denominado Panama Papers, que tem a ver com a incomensurável fuga aos impostos através de contas offshores abertas nos chamados paraísos fiscais.
Contas bancárias cujos titulares são pessoas de poder que se envolvem em prácticas contrárias às normas sociais e morais e sonegam vitais recursos financeiros aos seus próprios países, e dessa forma promovem desigualdade, violência e miséria.
Hoje em dia não há poderosos pobres. Isso é coisa do passado quando os grandes revolucionários, mesmo não sendo santos, não eram ricos. Isto diz tudo.
Admitindo, embora, que algumas excepções haverá, como o Papa Francisco que embora tenha poder prima pela pobreza.
Já Jesus Cristo sentenciara: “É mais fácil o camelo entrar pelo buraco da agulha do que o rico entrar no Reino de Deus”.
Asserção com pleno valimento nos nossos dias, ainda que estes poderosos de que se fala, ricos e farsantes, não pareçam muito preocupados em ir para o céu.
No que a Portugal diz respeito, também Gabriel Zucman, autor do "best seller" mundial "A Riqueza Oculta das Nações", nos informa que só nos cofres suíços, há €30 mil milhões pertencentes a portugueses, estimando que 80 por cento sejam de evasão fiscal, isto é, €24 mil milhões não foram declarados nem tributados. Dinheiro bastante para pôr a economia nacional a funcionar e alijar a penúria de muitos contribuintes.
Isto ilustra a duvidosa bondade dos nossos governantes porque ninguém compreende como milhões saem de Portugal sem pagar impostos quando o país precisa de dinheiro como de pão para a boca. Por artes mágicas ou a coberto de leis imorais feitas por medida e conveniência, só pode ser.
Os partidos da conhecida cantiga pimba “os ricos que paguem a crise”, e que agora governam Portugal, têm aqui uma boa oportunidade para mostrarem o que valem: forçar o resgate dos milhões desviados para contas offshore.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico por vontade do seu autor.

Por Henrique Pedro